quinta-feira, maio 30, 2013
Rendição
Quase sempre acredito que te amo
nas horas duramente azuis em que mergulho.
À noite, ao meio dia, presa, procuro o instante
em que os véus de tua ausência pousaram,
um a um,
sobre os sonhos, agora cansados,
do nosso amor.
Ai, por que buscar a lâmina, o corte, o fim que nunca alcanço
e as duras as horas são o inverso do repouso de todo amor morto?
Não, não, não quero mais ventanias ou cantos
que afastam o descanso de quem hoje vive exausta de sonhar.
Mas, a quem dizer tal desatino
se o azul dos dias persiste em cada noite dura
como um beijo?
Não, não, nada direi, senão da busca
e da constante certeza de te amar.
segunda-feira, dezembro 20, 2010
Feliz Natal!
Porque o Menino nasceu,
há luzes no mundo
e as estrelas quentes de esperança
luzem nos dias dos homens.
É Natal
e a fé reabre os tímidos olhos mirando fundo
os corações.
Que caminhe, a fé, com passinhos de criança.
Que caminhe perenemente.
Feliz Natal!
sábado, abril 24, 2010
Ainda sou tua
lá e cá é tudo assim: aqui.
Antoniel Campos
Antoniel Campos
Ainda que a distância endureça seus muros
e vozes esmoreçam, mesmo sendo fortes,
ainda que as marés refluam, apenas refluam
ainda que as flores emudeçam, tristes,
e o solitário sol desista de si
e esfrie a lua
ainda, ainda...
um riso ou a lágrima única
refazem o dia
e dentro dele, a palavra
que me tornou tua.
(Depois de ti, são outros os perfumes
e se encantam os mundos).
Imagem: Lance Morrisson
e vozes esmoreçam, mesmo sendo fortes,
ainda que as marés refluam, apenas refluam
ainda que as flores emudeçam, tristes,
e o solitário sol desista de si
e esfrie a lua
ainda, ainda...
um riso ou a lágrima única
refazem o dia
e dentro dele, a palavra
que me tornou tua.
(Depois de ti, são outros os perfumes
e se encantam os mundos).
Imagem: Lance Morrisson
segunda-feira, abril 05, 2010
Em pedaços
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem porto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés.
(Chico Buarque)
E nem isso sei,
se passamos,
se passei
das suas mãos para o não
nem isso sei.
um vão e o copo que tomo
vazio
e o trago desfeito
não era um beijo?
nem isso sei.
as fontes várias do som
que exalava das veias
e o vinho?
nem isso sei.
não sei
de rasgos,
espinhos na boca
e seiva e fatos
e uivos.
a paga do tempo
ido, lento
o que sei?
espinho recolhido
que nem mais fere
a pele,
as pernas
minhas pernas onde vão?
e eu sei?
trajeto da alma
que andava em pautas.
acontecia de amanhecer
e quem via?
nem isso sei
nívea ao sol
e sua, toda sua
e agora?
não sei
a lua,
o tempo de se esconder
e morrer à míngua
é agora?
é hora, é nunca?
não sei,
é véspera ou aurora?
rasgo o lençol em sua busca?
não sei
onde está você?
nunca sei.
Imagem: Dmitry Vyazensky
Um conto de amor
Sem porto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés.
(Chico Buarque)
E nem isso sei,
se passamos,
se passei
das suas mãos para o não
nem isso sei.
um vão e o copo que tomo
vazio
e o trago desfeito
não era um beijo?
nem isso sei.
as fontes várias do som
que exalava das veias
e o vinho?
nem isso sei.
não sei
de rasgos,
espinhos na boca
e seiva e fatos
e uivos.
a paga do tempo
ido, lento
o que sei?
espinho recolhido
que nem mais fere
a pele,
as pernas
minhas pernas onde vão?
e eu sei?
trajeto da alma
que andava em pautas.
acontecia de amanhecer
e quem via?
nem isso sei
nívea ao sol
e sua, toda sua
e agora?
não sei
a lua,
o tempo de se esconder
e morrer à míngua
é agora?
é hora, é nunca?
não sei,
é véspera ou aurora?
rasgo o lençol em sua busca?
não sei
onde está você?
nunca sei.
Imagem: Dmitry Vyazensky
sábado, março 13, 2010
O vento do silêncio
Houve um tempo para o amor,
tempestades me partiam
em desejos côncavos
e meu corpo se dobrava ao raio,
e se queimava à luz de tuas palavras.
Houve um tempo de amor
e "me deste tua alma"
ou sonhei que pulsavam em mim, teus anseios?
O que há de novo neste novo existir?
Outro tempo
do silêncio
do vento impetuoso do silêncio
levando as lembranças, as palavras.
Um amor que se curvou também,
fraco, findo por nada.
Houve um tempo de amor
que o vento do silêncio levou.
tempestades me partiam
em desejos côncavos
e meu corpo se dobrava ao raio,
e se queimava à luz de tuas palavras.
Houve um tempo de amor
e "me deste tua alma"
ou sonhei que pulsavam em mim, teus anseios?
O que há de novo neste novo existir?
Outro tempo
do silêncio
do vento impetuoso do silêncio
levando as lembranças, as palavras.
Um amor que se curvou também,
fraco, findo por nada.
Houve um tempo de amor
que o vento do silêncio levou.
segunda-feira, janeiro 25, 2010
Interlúdio
Pressinto tua vinda nas flores sob a janela.
Na desarmonia dos ventos,
ao rumor dos teus passos,
ouço as palavras que irás dizer,
as palavras de quem volta
e desfaz o sossego da saudade cansada.
Pressinto quando, nas horas tristes,
pensas nos nossos braços
e na teia louca dos beijos.
(acaso pensas que não sei dos caminhos
e do seu impossível refazer?)
Imagem: Wong Luisang
quinta-feira, janeiro 07, 2010
Penso em ti
Penso em ti quando solto,
o lobo dos sentidos salta sobre mim
na sede indizível dos perdidos.
Penso em ti, na noite, antes perfumosa,
a devassar janelas e lençóis.
Agora, névoa, visgo de dor
que atravesso entre gemidos.
Penso em ti quando se alteia
o mar e, músico, deixa no ar
um tremor, um alarido,
tal qual o amor.
Penso em ti quando
recua o mar
levando o espanto de todo início
e, vago, deixa o sal
para que nada morra
nem a saudade do que hoje é findo.
o lobo dos sentidos salta sobre mim
na sede indizível dos perdidos.
Penso em ti, na noite, antes perfumosa,
a devassar janelas e lençóis.
Agora, névoa, visgo de dor
que atravesso entre gemidos.
Penso em ti quando se alteia
o mar e, músico, deixa no ar
um tremor, um alarido,
tal qual o amor.
Penso em ti quando
recua o mar
levando o espanto de todo início
e, vago, deixa o sal
para que nada morra
nem a saudade do que hoje é findo.