
Eu tenho um novo amigo. Ele é um poeta camuflado sob milhares de palavras e acha graça dos meus poemas sem rimas.
E, sabendo do quanto gosto de flores, quase todos os dias me envia flores, do seu próprio jardim. Flores virtuais, lá de Portugal.
Se, às vezes, sou feliz é por causa dessas pequenas delicadezas.
Ontem, o meu amigo me deu dois presentes totalmente inusitados, porém muito necessários: o tempo e a loucura.
O tempo, esse desconhecido a passar por nós, indiferente aos danos e desencontros que provoca e aos amores que vai levando consigo para sempre.
O tempo, esse guardião da saudade.
O tempo, sempre menor que nossas vontades,
pequenino diante de nossas necessidades.
O meu amigo me deu o tempo, deu-me mais tempo.
Mas, de que adianta ter tempo sem a loucura necessária para gozar de todos os dias, as horas, os segundos?
A loucura nos dá as tramas para amar o impossível amor.
A loucura nos dá a coragem para fazer o inexistente vir a ser.
A loucura nos leva para outras vidas, diferentes da nossa.
A loucura nos faz criança para brincar de ser adulto, sem as dores de ser.
A loucura é indispensável para manter nossas janelas sempre abertas
e ver o mundo e amar o mundo.
O Tempo e a Loucura: meus presentes, são essenciais à felicidade.
O TEMPO
O tempo passa e nós dizemos
Perdi o tempo
Mas o tempo não se perde
O tempo passa
E o tempo
Não tem princípio
Não tem fim
Por isso o que
Não tem princípio
Não tem fim
Não é nada
O tempo
Não é nada
Não se vê
Não se consegue palpar
Mas é tempo
Tempo de Amar
A LOUCURA
A loucura de uma flor
Em que tudo lembra o amor
A loucura de estar sózinho
E não ter o teu carinho
A loucura da sedução
Que faz palpitar o coração
A loucura d'este querer
Só te olhar é um prazer
A loucura do teu olhar
em que penso em te beijar
E é por aí que vou
A loucura de ser louco
Em que o muito é sempre pouco
E sendo louco, louco sou.
Imagem: Paul Wittreich