
Ele me deixou mal acostumada.
Vinha sempre e o sol chegava em seus olhos.
Trazia ruídos de risos e derramava beijos
não só em mim. Flores, felizardas, também eram beijadas. Depois se jogava no velho sofá verde e bambo dos nossos amores. Menino e anjo, era vento em meus cabelos e se deitava, dengoso em meu colo.
Mas, como no inverno, um dia o sol se foi e fiquei aqui, esperando seu riso.
O único abraço que recebo é das lembranças.
O único ruído, eco da saudade.
O sofá verde se desmanchou, cansado de esperar o amor que acabou.
Quem sabe, eu compre um sofá amarelo-esperança e o sol retorne?
Imagem: Monet