
Meu amigo
DO perguntou se o verdadeiro amor é eterno.
Ele mesmo tem a sua resposta porque seu lema é "
o amor não se conjuga no passado: ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente".
Fiquei refletindo sobre o amor e sua eternidade.
Padre Vieira disse, certa vez, que o amor nunca dura e por isso, é sempre representado como uma criança. Deve estar certo. O amor pode sim ter vida curta, mas não deixa de ser amor.
Nem acredito que o amor se transfere de uma pessoa para a outra. Para mim, o amor é fênix.
Porém penso que representá-lo como um pequenino ser significa que ele apenas
é, no seu tempo e no seu espaço. Não cresce nunca, não amadurece, não endurece, não envelhece.
O amor é sempre uma criança dentro de nós. E, como toda criança, ele nos conduz usando a imaginação, a magia, o sonho e a esperança.
Creio também que o amor existe para compensar a fragilidade da alma humana diante da solidão ancestral de cada um. Pois que o homem, em seus tormentos e dores, é o ser mais solitário entre todos os seres e abriga em si, tempestades indivisíveis com seus semelhantes.
Porém, quando o amor o invade, recônditos da alma se abrem instantaneamente, clareiam-se, arejam-se e as dores ali guardadas fogem diante deste calor desconhecido.
Pelo amor, assim limpa, assim aberta e iluminada, a alma se livra de seus fantasmas e recupera sua pureza original.
Tal o milagre do amor. Ele, criança, ao nos tomar, transforma-nos em crianças novamente. Enquanto assim estivermos, o amor também estará e será.
Imagem: Guillaume Seignac