segunda-feira, setembro 29, 2008

Suavium


Flores chegam agora,
em silente alarido de cores.

Trêfegas aladas,
igualmente coloridas,
buscam olores em louca festa.

Desvario....

Quem sabe também nascerias
dentro de mim,
tu que fazes florescer do negrume,
a vida das sementes,
por gladíolos e orquídeas
por gloxíneas
desvairadamente pintadas,
o cravo do amor
profundamente plantado?

Do casulo, arriscaria asas,
buscando de ti,
o perfume vermelho dos beijos
pois que, trânsfuga,
preciso florescer em tua boca.

Imagem: George Watts

quarta-feira, setembro 10, 2008

Da espera


Amanhece...
Adormece finalmente a noite rubra
que deixaste à minha porta.
O dia é um sonolento jardim
onde dormem as sementes da espera.

Há vida, porém,
neste jardim que dorme
mesmo sob o sol que corre.

Vou viver, enquanto espero
(esperas também, eu sei).

Visto-me de flor aqui, ali.
Quem sabe algum perfume sintas,
no ar, que em mim deixaste
na insone noite de sonho?

O dia é um pêndulo lento
caminhando indiferente
da esperança ao desalento.

Onde estou, onde estás
na tênue passagem do nosso tempo?
Saramar

Imagem: Edvard Munch