sexta-feira, dezembro 28, 2007

Neste novo ano


Neste novo ano,
artesão que somos, da vida,
vamos adornar nossas mãos
para que a construção seja um sólido ser,
feito com as flores da esperança e as águas do amor.

Neste novo ano,
vamos voar juntos em nossos sonhos
porque só o sonho dá sentido aos atos
e são capazes de nos diferenciar dos autômatos.

Neste novo ano,
que nossa boca seja apenas de sorrir
e nossa voz seja música
porque assim, começamos a construir a paz
ao nosso redor.

Neste ano,
sejamos felizes!

Feliz ano novo a vocês, meus queridos!

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Quimera

Foi o Natal, passou.
Recolho o imaginário sapato
da janela indiferente
que se abre ao sol do outro dia,
e nada sabe da insensata espera.
Só vela pelo sol e
o discreto tremer das flores
ao vento breve do fim da primavera.

Foram-se as luzes tão pequenas
e a minha espera de criança
(ai, quem dera).

Foram-se a estrela e a ridícula rena
pendurada em galho verde.
Oscilando também esperei...

quem sabe,
quem sabe,
quem sabe

era natal, eu esperei.

Não digam que não devia
por nem criança ser,
acreditar que viria
o presente, o noel,
ao anoitecer.

não digam.
era natal, acreditei.

de que vive, afinal,
quem ama como amei,
senão da miragem, da espera,
do som dos sinos
dentro do peito avisando,
abre a janela, é natal
e o seu amor já vem.
(foi quimera de natal, porém).

Imagem: Jonh Godward

quinta-feira, dezembro 20, 2007

FELIZ NATAL!


Neste natal, desejo-lhe o bem.
Desejo-lhe o conhecimento e a coragem, asas do amor.
Desejo que conheça seus sonhos e tenha a coragem de realizá-los.

O Menino de Belém veio ensinar a coragem e sua vida inteira foi a negação do medo de amar. Esta foi a boa nova que Ele veio trazer.

No natal, o único presente que precisamos é a coragem de desfazer os muros, como o Menino Deus os desfez.

Os muros que impedem o conhecimento
Os muros que escondem o brilho do amor
Os muros que afastam o sonho de sua realização
Os muros que construímos com nossos medos

Desejo que, a partir deste natal, comecemos todos a desmanchar, tijolo por tijolo, todos os muros que nos impedem de exercitar o amor.

FELIZ NATAL!

domingo, dezembro 16, 2007

Flávia, a flor e sua árvore


Blogagem coletiva

Há uma flor profundamente adormecida
e a beleza de sua árvore.
Como é a sina das árvores, esta vela
em força, também em dor.
Nem os ventos, os ventos frios dos dias,
que arrancam lamentos entre os ramos e as folhas,
perturbam a linda flor, em seu sono.
Qual princesa dorme a flor,
dos contos de fada, personagem.
Porém nenhum príncipe virá
com seu beijo de acordar
e nem o espera a princesa em flor.
A árvore, cuidadosa, vela.
Sua seiva milagrosa mantém a vida
da linda flor e seu sorriso raro.
A árvore espera que o vento se vá,
ainda que fique a dor.
Se não há príncipe a caminho,
há dragão da injustiça
a ser combatido todos os dias,
único capaz de vergar a árvore e
deixar solta do ninho, a flor.

Conheça aqui, a história de Flávia, a flor.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Do imaginário querer



quero seus braços,
sedoso ninho e eu,
folha solta entre eles,
em deleite de pipa ao vento.
quero seus beijos de ninar desejos
em brilho do sol nascendo,
nascer em seus lábios
e neles morrer.
quero seu amor e saciedade
das madrugadas
e seus píncaros
e minhas ânforas.
quero nosso mar
e o pêndulo dulcíssimo
do seu corpo no meu.

Imagem: Alfred Gockel

domingo, dezembro 09, 2007

Desejos


"Pelo sonho é que vamos"
Sebastião da Gama

Não me perguntaste nada,
nada queres saber, mas eu digo
o que quero é fugir para a Toscana
e fazer dos teus beijos, meu vinho.
Se não der, basta-me molhar os pés
no rio que contemplas da tua janela.
Não havendo rio por perto,
nem flor em vinhas,
não importa,
envolve-me em tua rede e
e acenarei para os vagalumes,
enquanto escreves no meu corpo,
quentes versos de amor.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Premeditada cegueira

Tantas vezes tentei dizer não.
Você sabe como era impossível,
quando, um dia, depois do outro,
o mundo habitava em sua boca
e eu o descobria, broto, bicho novo,
nos beijos que me dava.

Eu sabia, era ilusão,
mas o que importa? Fui feliz.

E fingi a inocência dos que amam.
Dos apaixonados, a cegueira.

Fingi a ilusão que permite viver
como se morrer, o amor não fosse.

E seguimos cegos,
em luxuriosa festa.

Não é assim que se ama,
desdenhando a dor que todo amor gesta?

Imagem: David Graux

domingo, dezembro 02, 2007

A tua vinda

Quando chegaste,
já sabia que era dia de nascer.
Tua perturbadora ternura transformou
em fogo e mel, minha noite.
Embriagada, da loucura, a mais doce,
a ti entreguei meus beijos e os gestos
do meu amor, há muito guardado.
Tens a cor do sol novo da manhã,
e mágico, feliz já me fazes,
mesmo quando nos meu braços
ainda dormes.

Não vieste cedo nem antes.
Como um presente de natal,
tua chegada era incerta e desejada.
eu aqui sempre estava à sua espera,
na construção diária dos dias sem ti.

Tanto desesperei e só, na noite,
chamando teu nome, em pensamento,
pedia às estrelas que mostrassem
a hora nossa que vem, apesar do vento
e dos abismos a nos separar.

Vieste e me ensinaste a fome, a fome do amor
que, tão urgente ressurge e de tão pungente,
chega quase a ser dor.

(o meme de mim, amor, um pretexto,
para dizer do meu desejo
).


Fui desafiada por Cláudia Perotti para me ligar à ENCRUZILHADA:
compor um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts,
não necessariamente na mesma ordem de publicação,
usando outras palavras para dar sentido ao todo.
Gostei deste desafio e convido todos os meus amigos
para participarem desse delicado exercício poético.
Os títulos dos meus dez últimos poemas estão em negrito.