domingo, janeiro 29, 2006

Acreditar


Acredito em tudo que me dizem, como uma criança.
Já sofri por isso, umas 300 vezes.
Minha confiança, porém, inicialmente tão forte, precisa de reforço constante. Também como as crianças. É uma construção. Ou será insegurança?
Já fui insegura, não sou mais. Sou o inverso. Temerária, atiro-me àquilo que meus sentimentos ordenam. Com isso, já sofri umas 1.300 vezes. Mas, como disse antes, não desisto.
Acredito na vida, nesta vida e não em outra, tão talvez. Mas, só aprendi isso quando minha vida se tornou tarde, quase crepúsculo.
A vida é dura. Nem liga se acreditamos nela ou não. Ela só gosta de quem a usa muito, seja intensamente, seja lentamente.
A vida gosta de quem a vive.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Beijos


Nao sei escrever e me pedem
para falar logo de beijo.
Foi o que bastou para eu não
conseguir me lembrar de
nenhum beijo.
Também, eu ... Ah! deixa pra lá.

Acho que beijo é um sol, porém mais não sei.
Não sei escrever sobre beijos.
Eu sei me deleitar com eles, sei sonhar com eles.
Mas, o que mais sei é desejá-los.
Em vão.

Foto de Paulo Madeira

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Acasos



Li uma triste história de amor em mínimas linhas e o poeta perdeu sua musa e sua voz.
Sei tanto dessas dores que nos arrancam pedaços, que chorei um pouco.
Mas, também sei que, por menos que a mente e o corpo abandonados acreditem, amanhã começa tudo novamente, na rua, na festa, na praia, na alma.
De repente, a vida volta.
Então, lembrei-me dessa frase de Milan Kundera:

"O acaso tem suas mágicas. Para que um amor seja inesquecível é preciso que os acasos se juntem desde o primeiro instante".

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Músicas



Já me criticaram por colocar poesias e músicas aqui no Janelas.
Ah! mas há dias em que estou tão poética, romântica, sei lá,
que a poesia transborda lá do Falares e vem parar aqui.
Hoje estou feliz, desde cedo. Cantando umas coisinhas que gosto,
boba alegre, como geralmente sou.
Mas, há dias especialmente bons. Começam bons e o sol fica
mais lindo. Hoje é assim.
E, como eu poderia resistir a João Bosco?
Não resisto mesmo, nem quero.
Estava aqui ouvindo e resolvi colar a letra para cantar junto
essa maravilha de música.

Quando o Amor Acontece
João Bosco

Coração sem perdão, diga fale por mim
Quem roubou toda a minha alegria
O amor me pegou, me pegou pra valer
É que a dor do querer, muda o tempo e a maré
Vendaval sob o mar azul
Tantas vezes chorei, quase desesperei
E jurei nunca mais seus carinhos
Ninguém tira do amor, ninguém tira, pois é
Nem doutor nem pajé,
o que queima e seduz, enlouquece
O veneno da mulher
O amor quando acontece a gente esquece logo que sofreu um dia, ilusão
O meu coração marcado tinha um nome tatuado que ainda doía,
cursava só a solidão
O amor quando acontece a gente esquece logo que sofreu um dia,
esquece sim
Quem mandou chegar tão perto se era certo um outro engano coração cigano
Agora eu choro assim.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Blogs e blogueiros


Blog cura solidão.
Acima de tudo, blog é um ninho.
Tanto para abrigar quanto para gerar amigos.
E blogueiros amigos fazem de tudo, até milagres: curam solidão, dão carinhos, ensinam, brigam conosco (comigo ainda não, graças), enviam flores, criticam, mostram belezas que sequer imaginávamos existir, amam, incentivam, elevam nossa auto-estima, mandam presentes, são presentes, revigoram nossa confiança na vida, etc. etc. etc.
Blogueiros são anjos de guarda. Quando menos esperamos, eles nos resgatam do perigo de ser só.
Parodiando o Toquinho, eu que andava numa solidão de fazer medo, de repente foi me acontecer de iniciar um blog e hoje estou cercada de amigos, todos queridíssimos, todos.
Agora mesmo vi uma frase lá no blog da Ritoca (http://carmem_bonfim.blog.uol.com.br//): "quem sou eu sem vocês?"
É assim que me sinto. Sem vocês, os meus amigos, nada sou. Apenas solidão.

Hoje, por exemplo, ganhei um presente de um desses amigos-anjos e estou mais que feliz.
Obrigada, queridos.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Circo

Imagem: Marcelo Hanones
Não, meu amigo.
Não há circo, nem amor, nem palhaços doces, nem beijos ensolarados.
São apenas saudades daquilo que não tive e não tenho.
Mas, ainda tenho olhos de menina, cheios de esperança.
Enxergo a felicidade e os pequenos detalhes que a constroem, como você disse.
Não desisto nunca!

Erros


Ontem, esqueci a política. Não li os jornais, nem as revistas semanais. Ando enojada com tudo isso que está acontecendo.
Li poemas, uns poemas antigos e românticos de Castro Alves e trovas de Vicente de Carvalho sobre o mar. A vida é como o mar, com marés e correntes profundas e quentes, que determinam nossas idas e vindas.
Os erros que cometo sempre são causados pela impulsividade. Nunca penso e vou fazendo. Depois, o arrependimento e a tristeza pelas bobagens que faço. E, muitas vezes, não há perdão. Só dor.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Solidão


Sozinha, ouvindo Ana Carolina, me deparo com:

"Me ensina a não andar com os pés no chão".

Eu, como Chico, só queria uma pessoa que me ensinasse isso.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Carências


Dia de tristeza.
A solidão é negra e inescapável.
Estou precisando de olhares interessados, de ombros fortes, de corações amenos, de lentas palavas, de mãos carinhosas.
Estou precisando de Elis como era ontem. O hoje é morte! Não o quero.


Imagem: Pablo Rivera

terça-feira, janeiro 17, 2006

Novamente?


Apaixonar-se deveria ser mais fácil e mais raro.
Não, não é contradição.
Apaixonar-se tantas vezes assim, dá um trabalho!
É como mudar de casa toda semana; mesmo não querendo, carregamos as tralhas, os tiques, os sonhos. Levamos uns carinhos guardados, inauguramos outros.
E, na semana seguinte, ou no dia seguinte,
ou no ano seguinte, lá vamos nós novamente.
Outra paixão, mesmo coração.
Mesmo???

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Aquelas decisões de final de ano


Uma das minhas decisões de final de ano foi começar 2006 com exercícios, o que significa voltar para hidroginástica. Estava firmemente resolvida a desenterrar meu maiô azul e a touca azul e, qual um golfinho desajeitado, começar a fazer aquelas coisas ridículas na piscina. Ridículas, mas gostosas. Eu gosto do efeito relaxante.
Mas, veio a festa, a queda e o gesso por 20 dias.
E, pergunto: qual resolução de final de ano resiste a 20 dias de imobilidade?
Pode ser, pode ser....mas se não for, depois não venham me dizer que sou preguiçosa!

A linda imagem, (que se parece demais comigo..rrsssss) foi um presente da Fátima Dannerman, minha confrade no meu site de poesias. E por falar nele, que está sendo criado, que tal dar uma olhadinha lá?
www.casadoescritor.com

sábado, janeiro 14, 2006

Sexo, Sexos


Estou pensando em sexo. Ou melhor, estou pensando em sexos.
Há anos, em um revista chamada Gaia (me parece que só circulou um número), belíssima, li um matéria sobre os sexos dos seres humanos e jamais me esqueci. Mesmo porque passei a observar à minha volta e, ainda hoje, tenho essa mania.
Cheguei à conclusão que há inúmeros, talvez dezenas de sexos diferentes e que o homem e a mulher são apenas os extremos de um espectro fantástico de diversidades sexuais.
Isso não deve ser novidade para os estudiosos da alma humana, da mente humana, da antropologia, da sociologia e de outras ciências. Entretanto, saber é uma coisa, já admitir, aceitar, ah!.....
Acredito que enquanto vivermos sob a ditadura do corpo, os seres humanos terão muita dificuldade para entender as dissonâncias da mente.
Mas, creio também que chegará uma época em que seremos todos apenas seres vivos, sem rótulos, sem penduricalhos, sem travas externas e inúteis. Ou seja, voltaremos ao éden.

Esse arremedo de reflexão foi suscitado por um, ou melhor, dois textos que li no complexogel (http://complexogel.blogspot.com) e que explica muito bem as alterações que vem sofrendo a imagem do homem, desde o final do século passado. Homem mesmo, macho, como eles gostam de se definir.
Claro que tais alterações se referem aos homens que adotam os padrões da sociedade ocidental, porque o resto ainda aparece patinar em uma Idade das Trevas interminável, independente de viver no Brasil, no Afeganistão ou no Alasca.
Como estão sofrendo coitadinhos! Que insegurança, que medo, que falta de rumos. Tudo camuflado, claro, como compete aos machos.
Não vou repetir aqui o que Terragel escreveu, não tenho aquele talento e aquela sensibilidade.
Mas, creio que essa mudança é apenas o início de muitas mudanças e o início do fim da ditadura (ai, ai) dos dois extremos: homem e mulher.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Amar


Amar é estranho! Começa como uma dorzinha de cabeça e depois vai tomando conta de tudo. E ficamos assim, meio inertes, sentindo a invasão, impotentes porque não há o que fazer para evitar, fugir ou reagir.
Amar é como a solidão, algo que vem e nos toma. Só que um é colorido e a outra é cinzenta.
Amar é meio solitário, apesar de tudo. Ninguém entende porque amamos uma pessoa. Só nós mesmos e, às vezes, nem isso.
Ainda bem que é solitário. Imagine o contrário:
- Eu amo o João!
- Obá, eu também vou amá-lo!
- Eu também!
- Eu também!
- E eu, então, vou amá-lo mais ainda!
Seria o caos. Crime passional.

As flores? Belezas, só isso, como sempre!

terça-feira, janeiro 10, 2006

Um presente especial!

Foto: Venice Palazza Da Mula, de Claude Monet

Ai, a tagarelice é um defeito que me persegue, seja oral, seja escrita.
Mas agora, tenho um motivo especialíssimo para voltar.
Ah! como não ficar vaidosa? como não ser pretensiosa?
Impossível. Esse mundo é cheio de tentações.
Acabo de ganhar um poema. E de quem? Nel Meirelles, nem acredito.



será mar?
ler poemas
é como respirar
orvalho de primavera
em pleno inverno
Nel Meirelles

Fim das festas


Foram-se as festas. O resultado delas foi meio traumático, como vários amigos já sabem: uma queda, uns ligamentos rompidos e 20 dias de pé engessado. Mas, tudo está bem.


Andei conhecendo uns poetas maravilhosos. Há tanta beleza esparramada na rede! Por exemplo, fico sem fôlego lendo o minimalista Nel Meirelles. Para quem gosta, o blog dele é http://www.falapoetica.blogger.com.br//


Ando com umas saudades fundas, uns desejos daqueles meio amalucados que tenho, às vezes, muitas vezes. São bons! Estou viva, viva!


Hoje é o dia da loquacidade. Provavelmente postarei dez vezes. Estou feliz. Sozinha e feliz. Comi 4 bombons para comemorar um sonho que tive. Tão gostoso quanto.

Imagem: Chocolate, de Alfredo Glokel

sábado, janeiro 07, 2006

Sábado


Parodiando o poeta, eu me sacudi toda, como um cão molhado, porque hoje é sábado.
Voltei para a felicidade, porque hoje é sabado.
E irei cantar à tarde toda em mais uma festa (ai, ai, delícia), porque hoje é sábado.
E ainda ontem, estava ganhando presentes de natal! Nunca vou deixar de ser criança neste sentido. Adoro ganhar presentes.
Comprei outro livro "Declínio e queda do Império Romano" do Gibbon. Estou com urticária para começar a lê-lo, mas há uns 30 na fila.
Fiquei comovida com a reação dos meus amigos ao post anterior. Mas, devo esclarecer que foi um momentâneo acesso de desalento provocado por antigas lembranças. Sou essencialmente feliz, quase sempre. Quem, por vezes, não tem uma recaída? Creio que, no meu caso, é o vazio deixado pela falta de amar. Como já disse em algum post perdido por aí, preciso me apaixonar, é como o ar. Por enquanto, estou sem esse alimento vital. Então, algumas dores emergem. Depois passam.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Gavetas


Inicio o ano limpando gavetas, a começar
por aquela que sempre evito.
Abrindo-a, senti-me como aquelas lâmpadas
sem foco que tudo abrangem e nada iluminam.
A confusão da antiga gaveta contaminou meu
coração, desfocou meus olhos. Tantas lembranças,
tantos fatos ligados a essas fotos esbranquiçadas.
Deus, o que será isso? Eu e ele trocando beijos de
sal e sol naquele outro tempo quando a felicidade
era tão simples. Bastava um olhar e carinhos leves.
E essas rosas de papel, recortadas de revistas, que
ele me dava, sem dinheiro para nada mais?
Tantos papéis que não me dizem nada, letras cujo
significado se perdeu em outra vida.
Por que choro? Não quero que antigas lágrimas
retornem aos meus olhos.
Pedaços de seda colorida, restos de carnaval,
cada ano, uma cor, propósitos de sonhos e, ao
lado, essas máscaras cegas, secas pela dor de
um amor que morreu criança.
Um disco meio partido. Não quero olhar, não
quero ver de quem é. A música dói, a música
é cruel. Sei que há flautas nele, agora quebradas.
Meu coração, agora, é como as flautas, quebrado,
mudo, morto.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Ufa!! Aindas as festas


As festas foram realmente adoráveis.
Apenas meus pés não gostaram nada delas.
Mas aquelas sandálias lindas e altíssimas que usei foram realmente maravilhosas.
Apenas os meus pés não gostaram nada delas.
Agora, vou esquecer as festas (até sábado) e começar o ano.
O ano começa perfeito, com belas novidades, com possibilidades, com sonhos. Outros sonhos. Mais sonhos.
E, por eles, vou me embelezar, vou me enfeitar.
Os sonhos são muito sensíveis e devem ser tratados como nuvens, como algodão doce, o que realmente são.

A foto? de Susanne Black. Não tem nada com nada. Apenas um presente que me dei. A beleza, como sempre e a borboleta, que será o meu símbolo neste ano.

domingo, janeiro 01, 2006

BEM VINDO 2006!!!!



Feliz ano novo aos que acordaram em 2006 plenos de vida...
Feliz ano novo a quem não sonega afetos...
Feliz ano novo àqueles que abandonam no passado seus excessos de bagagem e que generosos, ousam a humildade...
Feliz ano novo a todos que despertaram hoje e agradeceram o tido e não havido, maravilhados pelo dom da vida...
Bom ano a quem gosta de feijão....a vida é dádiva, contração do útero, desejo ereto, espírito glutão insaciado de Deus.
Feliz ano novo àqueles que nunca maldizem e que, possuindo a própria língua, poupam palavras e semeiam fragrâncias....
Feliz ano novo a quem se guarda no olhar e, se tropeça, não cai no abismo da inveja nem se perde em escuridões....
Feliz ano novo a quem se recusa a ser tão velho que ambiciona tudo novo: corpo, carro e amor.
Feliz ano a todos que sabem ser gordos e felizes, endividados e alegres, carentes de afago, mas repletos de vindouras fortunas em seus anseios.
Feliz ano novo aos homens ridiculamente adornados, supostos campeões de vantagens; aqueles que nada temem, exceto o olhar súplice do filho e o sorriso irônico das mulheres que não lhe querem.
Feliz ano novo às mulheres que se matam de amor e de dor por quem não merece...
Feliz ano novo para os bêbados que jamais tropeçam em impertinências e para quem não conspira contra a vida alheia.
Feliz ano novo para quem coleciona utopias....
Feliz ano novo para os velhos que não se disfarçam de jovens e o jovens que superam a velhice precoce; seus corações tragam a idade alvíssara de emoções férteis.
Feliz ano novo aos que trazem em si a casa do silêncio...
Feliz ano novo aos que não se ostentam no poleiro da própria vaidade, tratam a morte sem estranheza e brincam com a criança que os habita.
Feliz ano novo aos sonâmbulos que se equilibram em fios...e aos que garimpam luzes nas esquinas da noite.
Feliz ano novo ao Brasil. Conceda-nos Deus a benção de tantos dons, livres de políticos que constroem para si o céu na Terra com a matéria-prima do inferno coletivo.
(FREI BETO - Adaptação)