sábado, junho 30, 2007

Espera

E se de repente, você vier
e me encontrar assim arrumadinha,
como brinquedo de criança triste?
Tudo no lugar certo, como os mortos em seus balaios entrelaçados
de dores?
Não, nada de flores novas.

(Deixo a agitação me tomar
como se você já estivesse a caminho
).

Minha transformação virá dos seus olhos.

Deixo tudo como está.
As cores desmaiam nas paredes,
amarelam-se os cadernos,
os poemas de amor, antes esperançosos,
perdem o sentido.
Lágrimas sem compostura se espalham,
rios que não levam os reflexos da saudade
em minha casa vazia.

(e sei que não virá, nunca virá.
tudo é permanência.
o tempo se alimenta em minhas veias e
meu desarrumado coração envia já, os sinais
costumeiros da solidão
).

Imagem: François Fressinier


AS SETE MARAVILHAS
Marco, Nena, Betty e Zé Carlos nem esperaram começar o mês de julho e já me enviaram seus presentes. Confesso que mal soube desembrulhá-los de tão emocionada e feliz que fiquei. Precisei da ajuda de sete pessoas, sim SETE (vejam a lista abaixo) que são, na realidade, as maiores maravilhas.
Santa, Marconi Leal, Leo, Ursa Sentada, Pedro Pan, Nilson Barcelli, Lata Mágica.

segunda-feira, junho 25, 2007

VERMELHO

Troquei o batom por vermelho sangue.
Fingindo a beleza da luz, acendo um farol,
sinal aberto dos caminhos
que o amor finge desconhecer.
O amor se perdeu antes de chegar.
E eu, que sempre espero
em cantos do mundo,
a travessia de tão grande mar,
ouço, às vezes, seus passos
se distanciando.

O único sangue é esse batom novo
e a ferida do amor,
de mim tão distante,
que se esquece de amar.

Imagem: Haley Brown

Hoje tem poeminha novo lá no blog do Leo.

sábado, junho 23, 2007

Fábula



Ontem me disseram que todas as palavras de amor já foram ditas,
que não faz sentido repetir versos e canções com o mesmo tema,
que mesmo os amantes se cansam de tanto amor.
Sorri e me calei.
Não teria consolo para esta raposa diante da mais doce uva.

Depois fiquei a imaginar:
Será por isso que te amo em silêncio?

Imagem: Theresa Lucero

sexta-feira, junho 22, 2007

Pedaços

Há um novo sol em mim,
(vem se aquecer)
assim como um jardim
e seus perfumados recônditos
(vem procurar).
Nem sou menina,
mas tenho brinquedos de imaginar
(vem sorrir).

meus fragmentos se espalham coloridos
pela casa, por papéis, flores, sobre os móveis.
É o sol abusado e a desimportância de quem me esfacelou.
Ainda que quebrada esteja,
os danos não são permanentes,
e não tenho arestas visíveis.
Então, nem irá sangrar as mãos,
se quiser, por acaso,
vir juntar meus cacos
(vem me abraçar).

Imagem: Ona

quinta-feira, junho 21, 2007

Meu namorado

Penso em meu namorado,
e como seria amá-lo todo dia.
Talvez fosse gentil e me enviaria uma flor.
Ou, se doesse, também cumpriria a sina dos namorados de fazer chorar um pouco para depois consolar de mansinho, cheio de carinho.
Talvez fosse anjo e me levaria por nuvens e até me mostraria a porta do paraíso e ficaríamos ali, de mãos dadas, sem perceber que a felicidade está em nós.
Escrevo para ele mil cartas de amor.
Estão lá na gaveta do meio
(ainda bem que sonho é leve e não ocupa espaço).
Ou será que ocupa? De que é feita esta minha cabeça, senão deles?
Sonho com meu namorado e ele me diz todo dia, antes de dormir, aquelas coisinhas bobas de todo namorado
e até mente de leve, me dizendo: como é linda!
(ainda bem que o espelho está longe e não consegue ouvir essas doces mentiras).
E se ouve, fica calado,
porque nem o espelho consegue perturbar o amor do meu namorado.
Quando acordo desse sonho,
mais pareço criança que sonhou com o brinquedo desejado.
Eu amo meu namorado, seja ele como for,
porque namorado é um ser feito para o amor.
E assim que ele surgir, pode ter certeza,
serei deusa do amor, apaixonada.
Só espero que ele venha e me faça feliz,
para sempre, sua namorada.

terça-feira, junho 19, 2007

Madrugada



Em uma madrugada acompanhada
por estrelas
e uma lua feito girassol,
meu coração quase esquecido do que é doer,
voltou-se para o amor
e foi como um vento calmo,
um beijo leve, um bater de asas noturnas.
O amor pode sim, ser essa tranquila doçura
que envolve o mundo em outras cores
só pressentidas por aqueles que amam.
Amar, mesmo como amo, em desesperança,
tira-me os pés do chão, em dança
(mesmo que meus braços vazios
sejam os únicos que me abraçam
o solitário corpo).

Hoje tem um poeminha novo lá no blog do Leo.

segunda-feira, junho 18, 2007

Presentes de amor

Meus presentes de amor, mostro sempre aqui, para dividir com meus queridos, a felicidade que geralmente me visita. Alguns são tão especiais, tão lindos que deixam assim meio boba-alegre, com ar de criança em dia de festa.
O amor é sempre o melhor dos presentes. O carinho, a amizade e o exagero dos amigos são, para mim, como flores que recebo (e melhor ainda) todos os dias.
Na semana passada, recebi logo dois de uma vez só aqui neste meu cantinho e mais uns quatro ou cinco lá no Falares.
Todos transformaram meus dias em dia de festa e venho agradecer, feliz, emocionada e, confesso, vaidosa (perdão).

A poeta maior, minha querida amiga, minha gurua (como diz o Ricardo), Dora, deu-me tomates. Uma honra, um carinho dessa mulher mágica, em cujos poemas bebo diariamente.
E, para aumentar meu encantamento, Betty (aquela amiga do lindíssimo blog) deu-me uma flechada certeira, de amor, puro amor.
Agradeço às essas amigas e a todos que vêm ler meus rabiscos.
Muito obrigada.

quinta-feira, junho 14, 2007

Devaneio (outro de tantos)


uns meninos brincando de se deslumbrar
pássaro ajeitando os filhos em seu invólucro
borboleta descobrindo o mundo que iria colorir
e as gotas da chuva pulando de flor em flor
um nó se desfazendo na garganta
e o laço, o delicado laço
verso, vida, vôo
uma vontade beijar
uns caprichos, essa vontade toda, ai.
tudo, o mundo todo
a estação e o chão tremendo
o mundo todo
tudo suspenso
um nascimento
era meu amado finalmente chegando.


Imagem: Di Cavalcanti

terça-feira, junho 12, 2007

Namorado


Há um alvoroço de namorados
e flores semelham borboletas desnorteadas
em primavera fora de hora.

Eu? Eu nada sei de namorado,
a não ser essa saudade do que não há,
como se um gosto de fruta que não conheço
passasse (pássaro) em minha boca.
Como se, de repente, fosse Lígia e Ricardo,
sempre seu e nunca sendo.
Talvez essa saudade do que nunca há
seja o que me tenha sido destinado
sob o nome de namorado.

Quer ler outro poema pequenino de namorado?
Vá lá no blog do Leo.

sábado, junho 09, 2007

Bilhete para meu amado

(a você, que nunca de mim se foi realmente)

Lembre-se de me acordar para ver a lua
apesar da luz dos seus olhos pirilampar em meus sonhos,
mais brilhante e nua.
E nua, aqueço meu corpo com seu olhar amante e mudo.
Lembre-se de espantar meu medo
e o amo madrugada a dentro,
liquefazendo estrelas e murmúrios
e espalho os sons do amor ao atônito mundo.
Lembre-se de me tomar as mãos
e desfazer o frio que as torna nuas
e me esqueço de desaparecer na solidão.
Lembre-se de vir para dentro dos meus olhos
e paro de doer e me (en) torno perfume, em suas mãos.
Lembre-se de me amar
porque, sem seu amor,
sou apenas meu silêncio,
peregrina sedenta do som de suas águas.

Imagem: Arthur Hughes

quarta-feira, junho 06, 2007

Carrossel

Tempo
eterno vilão que
ao nos acrescentar anos,
rouba-nos os dias.
Saramar

O tempo que passo amando você, em silêncio, na distância de dois mundos, na curva do depois, do nunca, sei lá é o mesmo tempo que o leva para outras paragens. Tanto tempo e nada parece passar, a não ser os dias sozinhos. As nuvens vêm, o céu se abre, picadeiros, prantos, um carrossel a girar. O tempo, o tempo. De mim, de nós, apenas o antes, lembranças e sua voz cada vez mais estranha aos meus ouvidos. Cresce o tempo e eleva a saudade, uma torre de pedaços de nós, cada vez mais alta. Gira o tempo, carrossel, deslocando os dias, levando todas as horas. Só não leva você de dentro de mim.

Hoje tem um poema novo lá no blog lindíssimo do Leo.

segunda-feira, junho 04, 2007

O JOGO DO SETE



O querido Suruka me propôs o desafio do jogo da verdade.Tentando ser concisa (sem conseguir, claro),
acho que é assim:

7 coisas que preciso fazer antes de morrer
Ir visitar minha filha, no estrangeiro
e de lá, refazendo o caminho de Cabral,
atravessar o mar que me separa de Portugal.
Ver a neve, de preferência bem agasalhadinha
e nela brincar, criança que ainda sou,
de amarelinha (ou será branquinha?).
Publicar um livro, cumprindo a sina dos vivos,
que filhos já tive e árvores já plantei.
Mudar-me para o nordeste do Brasil,
lá, sou amiga do rei.
Gravar um disco com as canções
que gosto de cantar junto com os amigos.

7 coisas que mais digo
Gosto de falar ora, ora.
Sem dúvida, digo sempre,
assim como os beijos,
que distribuo (em palavras)
indiscriminadamente.
Mas, que coisa!
Há coisa melhor que beijar?
Digo à toda hora,
Você está linda (o)!
Porque a beleza nas pessoas
nunca pára de me encantar.
Mas, se é para andar
eu sempre digo:
Ai, ai
Que preguiça!


7 coisas que eu faço bem
Das coisas que faço bem,
tenho pouca notícia.
Escrever, talvez seja uma dessas,
se bem que prefiro muito é rir
e planejar festas.
Comprar besteiras é comigo.
O que melhor faço, porém, é conquistar amigos
e ler,ao mesmo tempo, vários livros.
Eu sei perdoar, ah! sei,
por isso minha alma é serena.

7 coisas que eu não faço
Ainda sou pequena,
então, não saio à noite sozinha,
nem xingo palavrões que, para isso há pena.
Uma delas é tomar banho frio
que não faço nem por castigo,
mesmo quando não consigo
parar de comprar sapatos e livro.
Livros, ai, ai, são sempre eles
que me impedem de dormir cedo.

7 coisas que adoro
Livros, livros, livros, meus namorados
eu os adoro, já disse mil vezes.
Só os troco por festas de amigos,
onde faço o que gosto.
Cantar, cantar, cantar e
Tomar cerveja geladinha e um violão.
De escrever poesias não abro mão,
ouvindo Elis Regina,
e de me lembrar da menina que ainda sou
e de todo o amor da minha infância feliz.
Adoro também ganhar flor.

7 coisas que odeio
Ódio é uma plavra forte,
que não combina comigo,
mas basta uma grosseria
e perco o rumo e o abrigo.
Pessoas que gritam me afligem
e, se ouvir palavrões,
fico toda desconcertada.
O mesmo se dando quando ouço música sertaneja,
que é coisa que não gosto.
Falsas promessas me entristecem
apesar de saber o quanto são fáceis de fazer.
Não gosto de pessoas fúteis
Mas o pior de tudo é ver criança triste.

sábado, junho 02, 2007

Música

Meu amor inventou nova música para colocar em minha boca, um sorriso e murmúrios.
É uma canção-criança que cresce nos seus versos longos, de palavras limpas.
Uma canção que fala do leve ciúme dos meus pés descalços e do mundo que os contempla.
Canta as ausências das tardes e também tudo o mais, desafastado de nós, juntos, juntos.
Meu amor canta os segredos, os doces desejos, a dança da cortina a nos revelar, desatentos.
Sua música fala das unhas pintadas como as flores ali do lado, com o mesmo cheiro a elas emprestado por mim.
(que menino! Troca a ordem das coisas para me alegrar).
É cantiga de amigo, lembrando de certa lágrima que molhou o bilhete que dizia apenas - saudade.
É canção de amor e diz do meu adormecer em seus braços, pequena orquídea despojada e breve (é ele quem diz, a me encantar).

Nada sei de ritmos, de tipos ou tons.
Só sei deste andante, meu cavalheiro,
meu allegro, leve e lírico, meu amor.

Imagem: Cervelli