sexta-feira, março 30, 2007
Louca?
quarta-feira, março 28, 2007
Cinzas
na casa sem poesia, choro à porta.
antes, tanto de belo existia.
agora, nada tem cor.
tudo murcha como meus sonhos.
uma ferida sangra lentamente sobre
o tapete onde alguém escreveu bem vindo,
em longas maiúsculas.
sinto dizer, ninguém chega,
tudo limpo,
tudo som de lamento,
tudo metade.
espelhos sem reflexo,
perdida minha festa.
Por quê?
o horizonte é morto
e o que me resta é o verso tosco
e a mesma vontade de me exilar em você.
segunda-feira, março 26, 2007
Lembranças
sábado, março 24, 2007
CANTIGA
canto-o, melodia de ausências
e minha voz pequena não alcança seu destino.
falo às árvores
pedindo para avisá-lo do meu grande amor
e da saudade que não emudece.
da mesma cantiga todas as noites
e lá de longe, frias, parecem me dizer:
- Esquece.
quinta-feira, março 22, 2007
O meu e o seu amor
Entretanto, as flores se vão como um suspiro
e o meu amor é mais forte.
Não é nascente a secar. Antes, seiva, perene.
meu amor é inundação
e abre portas e arranca a roupa e marca a pele.
Meu amor, largo rio de molhar, constante e revolto,
precisa do seu afluir.
Seu amor, meu alimento, minha fonte, meu porto.
terça-feira, março 20, 2007
TUA CHEGADA
No fogo aceso, fervem maçãs e mel.
Fervo também,
inventando palavras de te prender.
Tudo aqui é burburinho.
Os lençóis murmuram perfumes,
as flores dançam
e alongam lânguidos pescoços pelas janelas, curiosas de tua chegada.
Os relógios, na ânsia de apressar-te, simulam quietudes.
Delas, beberemos, em celebração ao nosso amor para sempre.
O tempo é o único que parece imóvel.
Está tudo pronto, não demore.
Não espere a vida se cansar.
Imagem: Stephen Darbishire
domingo, março 18, 2007
Mal
sexta-feira, março 16, 2007
Para amanhã
Para amanhã, quero muito sol
e acordar com flores.
Para amanhã, quero um anjo amante da cor delas
e talvez me desarrume a alma, barulhando um riozinho de carícias
só para meus sentidos.
Para amanhã quero deixar as sombras e passear,
borboleta aqui e ali,
quem sabe, abelha e seu ofício de mel.
Para amanhã, sorvete de manga e maravilhas vindas do mar,
marítimos beijos, de sol, de sal.
Para amanhã, quero todos os sábados do calendário
a continuar sendo interminavelmente, para sempre sábado,
para sempre meu.
Para amanhã, descalços meus pés no chão, alma no céu,
quero ser feliz.
UP DATE DO POST: Como recebi vários emails e um comentário sobre a autoria da frase em epígrafe, digo que ela é realmente um verso de Vinícius do poema "O dia da criação".
Imagem: Donna Geisller
quarta-feira, março 14, 2007
NOITE
E assim, meio enluarada, penso no figurino que me esconde
Negativo da minha própria foto,
Só sei procurar palavras e juntá-las assim,
Vivo sem amor.
Agora padeço de fome, da grande fome do meu amor perdido.
Agora, só tenho o resto da noite
segunda-feira, março 12, 2007
Parto
Ou talvez tenha várias, todas malogradas.
Ou variações do mesmo e insensato sonho?
Disse a um amigo que talvez o amor não seja coisa de humanos.
Talvez só os deuses e sua audácia consigam sofrer o amor e sobreviver.
Não incólumes. Isso, nem eles.
Se assim não for, morre.
Mas não morre como o resto das coisas morrem,
afastando-se lentamente da vida.
E dele, sempre, só morre um pedaço.
O outro fica doendo, como um parto.
Ao partir, o amor exige outra vida, sem ele.
Só os deuses renascem assim.
(eu não sou deusa).
sábado, março 10, 2007
DESPEDIDA
terça-feira, março 06, 2007
A MULHER
Vinícius de Moraes
sábado, março 03, 2007
Tango
Vou cuidar das minhas fomes com bombas de chocolates e beijos que ressoam no céu da boca.
(quero suculências).
Vou lamber minhas feridas com todas as portas abertas.
Vou cantar na noite e espantar os morcegos sonolentos do meu castelo de cartas.
do amor diplomático,
do amor paz-e-amor.
sexta-feira, março 02, 2007
VERSOS
Já sei como abandonar os sonhos que nunca serão melodia, feitiço ou pecado.
A única voz que me acompanha é a desses poetas que comigo passam as horas, não sei se vivos, não importa se mortos. Sei que choram quando choro e trazem outras solidões para acompanhar a minha.
Não há mais palavras de amor ou cólera ou cantarolar entre minhas paredes.
quinta-feira, março 01, 2007
Fiquei só
Surda,
Agora vejo os vazios que, de todos os cantos me acenavam com sua anunciada ausência.
Só. E só agora sei que a claridade nos cômodos era névoa, era gelo, era a neve do engano enterrando nosso antigo amor.
Foi tão leve sua partida!
Quase falei, mas a inutilidade das palavras invadiu o momento e apagou todos os sons.
Escolhi ficar com as lembranças e você se foi,
Imagem: Luisa Bardi