sexta-feira, dezembro 28, 2007

Neste novo ano


Neste novo ano,
artesão que somos, da vida,
vamos adornar nossas mãos
para que a construção seja um sólido ser,
feito com as flores da esperança e as águas do amor.

Neste novo ano,
vamos voar juntos em nossos sonhos
porque só o sonho dá sentido aos atos
e são capazes de nos diferenciar dos autômatos.

Neste novo ano,
que nossa boca seja apenas de sorrir
e nossa voz seja música
porque assim, começamos a construir a paz
ao nosso redor.

Neste ano,
sejamos felizes!

Feliz ano novo a vocês, meus queridos!

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Quimera

Foi o Natal, passou.
Recolho o imaginário sapato
da janela indiferente
que se abre ao sol do outro dia,
e nada sabe da insensata espera.
Só vela pelo sol e
o discreto tremer das flores
ao vento breve do fim da primavera.

Foram-se as luzes tão pequenas
e a minha espera de criança
(ai, quem dera).

Foram-se a estrela e a ridícula rena
pendurada em galho verde.
Oscilando também esperei...

quem sabe,
quem sabe,
quem sabe

era natal, eu esperei.

Não digam que não devia
por nem criança ser,
acreditar que viria
o presente, o noel,
ao anoitecer.

não digam.
era natal, acreditei.

de que vive, afinal,
quem ama como amei,
senão da miragem, da espera,
do som dos sinos
dentro do peito avisando,
abre a janela, é natal
e o seu amor já vem.
(foi quimera de natal, porém).

Imagem: Jonh Godward

quinta-feira, dezembro 20, 2007

FELIZ NATAL!


Neste natal, desejo-lhe o bem.
Desejo-lhe o conhecimento e a coragem, asas do amor.
Desejo que conheça seus sonhos e tenha a coragem de realizá-los.

O Menino de Belém veio ensinar a coragem e sua vida inteira foi a negação do medo de amar. Esta foi a boa nova que Ele veio trazer.

No natal, o único presente que precisamos é a coragem de desfazer os muros, como o Menino Deus os desfez.

Os muros que impedem o conhecimento
Os muros que escondem o brilho do amor
Os muros que afastam o sonho de sua realização
Os muros que construímos com nossos medos

Desejo que, a partir deste natal, comecemos todos a desmanchar, tijolo por tijolo, todos os muros que nos impedem de exercitar o amor.

FELIZ NATAL!

domingo, dezembro 16, 2007

Flávia, a flor e sua árvore


Blogagem coletiva

Há uma flor profundamente adormecida
e a beleza de sua árvore.
Como é a sina das árvores, esta vela
em força, também em dor.
Nem os ventos, os ventos frios dos dias,
que arrancam lamentos entre os ramos e as folhas,
perturbam a linda flor, em seu sono.
Qual princesa dorme a flor,
dos contos de fada, personagem.
Porém nenhum príncipe virá
com seu beijo de acordar
e nem o espera a princesa em flor.
A árvore, cuidadosa, vela.
Sua seiva milagrosa mantém a vida
da linda flor e seu sorriso raro.
A árvore espera que o vento se vá,
ainda que fique a dor.
Se não há príncipe a caminho,
há dragão da injustiça
a ser combatido todos os dias,
único capaz de vergar a árvore e
deixar solta do ninho, a flor.

Conheça aqui, a história de Flávia, a flor.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Do imaginário querer



quero seus braços,
sedoso ninho e eu,
folha solta entre eles,
em deleite de pipa ao vento.
quero seus beijos de ninar desejos
em brilho do sol nascendo,
nascer em seus lábios
e neles morrer.
quero seu amor e saciedade
das madrugadas
e seus píncaros
e minhas ânforas.
quero nosso mar
e o pêndulo dulcíssimo
do seu corpo no meu.

Imagem: Alfred Gockel

domingo, dezembro 09, 2007

Desejos


"Pelo sonho é que vamos"
Sebastião da Gama

Não me perguntaste nada,
nada queres saber, mas eu digo
o que quero é fugir para a Toscana
e fazer dos teus beijos, meu vinho.
Se não der, basta-me molhar os pés
no rio que contemplas da tua janela.
Não havendo rio por perto,
nem flor em vinhas,
não importa,
envolve-me em tua rede e
e acenarei para os vagalumes,
enquanto escreves no meu corpo,
quentes versos de amor.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Premeditada cegueira

Tantas vezes tentei dizer não.
Você sabe como era impossível,
quando, um dia, depois do outro,
o mundo habitava em sua boca
e eu o descobria, broto, bicho novo,
nos beijos que me dava.

Eu sabia, era ilusão,
mas o que importa? Fui feliz.

E fingi a inocência dos que amam.
Dos apaixonados, a cegueira.

Fingi a ilusão que permite viver
como se morrer, o amor não fosse.

E seguimos cegos,
em luxuriosa festa.

Não é assim que se ama,
desdenhando a dor que todo amor gesta?

Imagem: David Graux

domingo, dezembro 02, 2007

A tua vinda

Quando chegaste,
já sabia que era dia de nascer.
Tua perturbadora ternura transformou
em fogo e mel, minha noite.
Embriagada, da loucura, a mais doce,
a ti entreguei meus beijos e os gestos
do meu amor, há muito guardado.
Tens a cor do sol novo da manhã,
e mágico, feliz já me fazes,
mesmo quando nos meu braços
ainda dormes.

Não vieste cedo nem antes.
Como um presente de natal,
tua chegada era incerta e desejada.
eu aqui sempre estava à sua espera,
na construção diária dos dias sem ti.

Tanto desesperei e só, na noite,
chamando teu nome, em pensamento,
pedia às estrelas que mostrassem
a hora nossa que vem, apesar do vento
e dos abismos a nos separar.

Vieste e me ensinaste a fome, a fome do amor
que, tão urgente ressurge e de tão pungente,
chega quase a ser dor.

(o meme de mim, amor, um pretexto,
para dizer do meu desejo
).


Fui desafiada por Cláudia Perotti para me ligar à ENCRUZILHADA:
compor um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts,
não necessariamente na mesma ordem de publicação,
usando outras palavras para dar sentido ao todo.
Gostei deste desafio e convido todos os meus amigos
para participarem desse delicado exercício poético.
Os títulos dos meus dez últimos poemas estão em negrito.

terça-feira, novembro 27, 2007

PRESENTE DE NATAL


Neste natal espero um presente.
O amor presente, de presente para mim.
O amor e seus laços encarnados,
o amor em sua caixa de sonhos e promessas,
o amor amarfanhado de tanta demora,
de haver se perdido por outros caminhos,
meio torto e cansado,
das agruras do caminho que percorreu.
Não importa.
Pego o meu presente como toda criança encantada,
como toda criança carente.
Solenemente.
E o abraço, beijo, arrumo.
Desamasso o amor, colo os pedaços
do amor que tanto esperei.
Para ele, presente também serei.

terça-feira, novembro 20, 2007

Meme de mim...


A Betty, minha querida amiga, gentilmente,
incluiu-me entre os convidados para esse meme,
que continuei ao meu modo.



De todas as horas do dia, vivo na madrugada
olhando os astros, namorando estrelas.
No meu dia, se vazia, percorro a casa
tocando o móvel onde me refaço e
encontro meus namorados:
a velha estante de livros.
Se choro ou rio por um verso
ou uma imagem me sufoca
procuro o precioso líquido da vida,
a água de beber
de abrandar o que, porventura, dói.
Em todos os rumos por onde ando,
admiro a fecunda doação da terra:
na rubra pedra preciosa, o rubi,
multifacetado coração;
na árvore que enfeita o dia,
flamboyant da minha terra,
imenso e belo;
na orgulhosa flor, a orquídea
e sua misteriosa beleza;
no animal que me acompanha
nas vazias madrugadas,
meu cão acostumado a ouvir estrelas.
É belo e farto o colo da natureza
e de sua cor amarela, encho meus olhos,
gira-ensolarando os dias.
Os privilégios da vida,
colho-os todos em reverente agradecimento:
uma música de Chico a dizer Eu te amo
nos mais doloridos versos do abandono.
um livro, entre tantos,
Pessoa e o Livro do Desassossego,
meu namorado preferido.
Desfruto dos sentidos,
e uma comida me leva a pecar de gula,
o melífluo molho sobre o macarrão de minha mãe.
Não há igual em nenhum lugar, nem em Portugal.
Sou tantas vezes feliz,
que o verbo que me denomina,
se verbos o pudessem fazer, é sorrir.
Se não posso ainda viver sorrindo,
se a solidão me impede de cantar,
sem querer, eu digo ao vento
minha favorita expressão: vai passar.
Vai chegar o mês de janeiro
a chuva, o amor, quem sabe...
Depois de janeiro, talvez, deixarei ser só eu e
seremos o mais perfeito número: dois.
Então seremos música e
no instrumento musical mais pungente,
um violoncelo
inventaremos sonatas de amor e beijos.
Assim passaremos essa estação do ano e,
mesmo que lá fora chova, dentro de nós será verão.
Quem sabe até um filme seja refeito: um Violino Vermelho
dos dias que viveremos, coloridos de paixão.

Imagem: um flamboyant

domingo, novembro 18, 2007

Mágico


Quem deslocou o prumo
da minha vida calma
e levou para além dos meus jardins,
as asas de borboletas tontas
em perfumado êxtase?
Quem dispersou as sombras
e inaugurou girassóis,
entumescendo os dias em bolhas de sabão?
Quem desfez a prisão
e soltou de mim,
todos os ritmos presos,
as falhas, as faltas da triste cantiga
que assombrava as flores?

Foi o amor que trouxe as chaves,
abriu todas as trancas e desfez-me da prisão,
com a tranquila certeza de quem quer.
Foi o meu amor, para quem até as flores,
que eram minhas, vão em perfumada fuga,
em busca do encantador dos dias.

Imagem: Odilon Redon

segunda-feira, novembro 12, 2007

Da loucura, a mais doce




O amor, quando existe não se cala
nem contém sua própria nudez.
Entrega-se de alma ao provável abismo
que adivinha e geme e grita
pela insensatez que se avizinha.

Aquele que dessa insânia vive,
não quer afastar de si, a loucura.

Quem o merece e tem de outro ser
essa oferenda, sabe bem
do que é morrer e vir novamente
beber nos olhos de quem se ama, o veneno,
o irresistível vinho que queima a pele
e a vida, em embriaguês e doçura.


Hoje, há um poema meu aqui .
Gostaria que lesse. Obrigada.

sábado, novembro 10, 2007

A fome, a fome do amor


O amor, esse enlaçar-se em outro sangue,
é lauta fantasia
e viver a pão e água,
que nunca é satisfeito o amor.
Ainda que viva vermelho,
é sedento,
é faminto.
Seus êxtases não se fartam.
Antes, nebulosos, abrem côncavos
para infinito refazer, sempre outro e mais.
O amor é voracidade.

Imagem: Dermot Oates

quarta-feira, novembro 07, 2007

Hora nossa que vem, apesar do vento

Da sua hora e da minha,
sei do vento que leva,
como se nos cortasse,
como se separasse o meu existir e o seu.
Mesmo só, tantas vezes triste,
espero,
porque sei das horas e sei que existe
em toda solidão de quem longe vive,
o sonho, o dia novo,
dia de construir uma hora
única, livre,
de refazer o tamanho do mundo
e rir do vento.

(nos seus olhos enxergo
o outro universo).


Imagem: Adolf von Menzel

domingo, novembro 04, 2007

Noite


"E tanto penso em ti, ó meu ausente amado!
que te sinto no Vento e a ele, feliz me exponho"
(Gilka Machado)



Um incêndio na noite, apagando veleidades de sombras
é o teu riso que contemplo e onde teço o meu abrigo.

Gardel traduzindo noites em túmidas madrugadas,
é tua voz a enlouquecer as estrelas que trazes contigo.

Oh Deus! É tarde e chove na noite. Lá fora,
molhada dança de flores e ramos, no meu jardim.

Invejo-os. Depois da janela, minha saudade,
o vinho esquecido no solitário copo, quem dera sua boca...

Haverá o dia, a chuva e a fogueira na noite
e eu, multiplicando estrelas, em ti, em ti...

quinta-feira, novembro 01, 2007

Construção


Farta de concordância,
desato o verbo e
exijo a construção
das crianças
com a argamassa
do sonho e do riso.
Refaçam-se as metáforas,
povoem os livros de flores
e enxotem as palavras
de ordem.
Acabem com os sujeitos ocultos
da guerra e seus objetos mortíferos.
Ressuscitem a alma das crianças
para chorar as crianças mortas
enfim inatingíveis por obuses
e pelos absurdos cruéis dos
monstros carnívoros,
senhores das armaduras,
das frases duras.
Procurem outros tempos
em que os verbos se conjugavam
no presente e no futuro,
traduzindo-se em esperança.
Apaguem as orações radicais
e em seu lugar deponham as armas.
Destruam as onomatopéias malignas
das balas tracejando em corpos
infantis e cobrindo de vermelho
a infância e a juventude.
Desmontem os mísseis,
trocando-os por cartas de amor,
de amizade, de perdão.
Acendam a luz nos olhos
dos velhos, cansados de
procurar a mensagem
dos deuses em sangue e lágrimas.
Basta de antônimos,
queremos igualdade de termos
queremos construir juntos,
os versos livres,
os versos brancos da
PAZ!

Este texto integra a blogagem coletiva
proposta pelo Jornalista Lino Resende

terça-feira, outubro 30, 2007

Eu aqui...

Dançamos sob o mesmo som,
eu aqui e ele lá.
solidão e glória,
como se fosse minha
a história de algum poeta maldito
e só depois do esquecimento,
finalmente
ele me enlaçaria em pleno bailar
eu, branca e bela.
ele, arrebatador.
Do meu naufrágio na dor,
restaria apenas
uma leve frialdade
porém, breve
apagada com seus beijos
e a tenaz carícia
queimando-me em doce fadiga
nesta noite de primavera.


Imagem: Bouquereau

sexta-feira, outubro 26, 2007

Dia de nascer


Um poeta disse que se morre todo dia.
Eu, entretanto, diria,
que há nascimentos tantos,
em inesperado dia,
ainda que idêntico aos outros,
mas feito azul por um gesto
quando um vento suave faz do sorriso,
um beijo
e das palavras, arquejo.
quando a paixão, há tanto guardada,
quebra o espelho, desfaz a guarda,
irrompe feito mar
e seus arroubos de se altear
ora pégaso, ora plácido
e esse desejo de se deitar
em ondas, em ondas...
É dia de nascer
e amar.

Imagem: Rodin

quarta-feira, outubro 24, 2007

Do entrelaçar


Não me entretem outra fome
senão me tingir do amor que guardas,
ser tua perigosa dama tecendo horizontes e
enredar-te as veias no meu sangue.
Não te perderás, não tema.
Se algum pedaço tomar de ti,
será talvez o rumo do breu,
se te perderes naquilo
que tua mão, em mim, desenha.
Se depositar em ti meus mais loucos desejos,
serão líquidos de fogo e mel,
marcando-te, para sempre,
com translúcidas auroras
a apaziguar tua pele.
Eu te amo e cada pedaço de mim
quer se misturar a todo pedaço teu.

Imagem: Sondra Wampler

domingo, outubro 21, 2007

Embriaguês


Agora que habitas a memória de minha carne,
sei dos frutos todos que a ti darei
e dos céus de onde nos perderemos para sempre.
Nada importa,
nem a calma aflitiva que em mim dormia.

Agora que rabisquei as vãs certezas
dos meus dias e sobre elas escrevi teu nome,
o mais doce mel de todas as doces palavras,
contigo arderei em abismo e embriaguês.

Agora que tu me amas,
sei que antes de ti, eu não vivia.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Memória

sempre esqueço a senha,
a data, o nome da música,
sempre me perco nas ruas.
sempre perco a hora e as chaves.
sempre esqueço abertas, as portas.

por outro lado,
(como dizem os advogados,
os sabe-tudo,
e os renomados solitários)

nunca te esqueço,
nem do dia em que nascemos juntos.
nunca esqueço dos pecados disfarçados.
nunca esqueço dos encontros marcados.

Se perco as chaves, tu sabes,
é que não conheço grades,
senão das minhas mãos nas suas.

Imagem: M. Ellen Cocose

Convido-os a ler um outro poema aqui.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Chuva


"Ah! Se tu estivesses aqui, agora,
Nem que fosse uma meia-hora"
Silvio Spersivo


A chuva soltou sua melodia suavizando o dia.
Só minha saudade não encontra
onde pousar os olhos
senão em sua ausência que me ofusca,
sol amarelo sob a chuva.

E me consumo em angústias vertiginosas,
enquanto a chuva se desata lá fora em tumulto.
Um violão aqui dentro canta abismos,
os elementos e os sons em sonora trama
de aprofundar a tristeza de não tê-lo.

As nuvens levam meus olhos, como em aquarela.
As folhas se soltam e levam meus olhos
a se perder lá longe, acumulando esperanças.
Mais que um tempo, há uma eternidade na espera
Mais que uma ausência, há você, presente em tudo.

(e já nem sei se me umedece a lágrima ou látego da chuva.)

quinta-feira, outubro 11, 2007

Compasso

Ando em lonjuras bem aqui dentro.
Erro o trejeito, desaprendo.
Passo da hora.
Ando no vento, aqui, lá,
bem lá, além.

É sina, ou o laço em
tornozelo de bailarina
que prende em cor, o passo?

O que sei, além deste alento
que ergue o chão, sem rede ou cerca
e do íntimo som de quem, como resposta,
só sabe da própria sede?

O que sei, além do som dos seus passos?

Imagem: Janet Treby

segunda-feira, outubro 08, 2007

Dos espelhos vermelhos


Em uma sala de espelhos,
a música vermelha a me envolver,
e a suavidade lupina das horas
que me mantêm acordada.
Sonho e mais se abrem meus olhos neste sonhar.
Sonho com látegos e chuvas de germinar.
Em meus espelhos, plena e pronta,
todos os vermelhos véus prevêem
tuas mãos sonhando sobre eles,
e a tensa suavidade do teu arranhar.
Sonho com teus beijos
e o alimento profano com que me acendes,
fogo líquido, com que me lavas a boca.
E se mais sonhos houvera, seria de seguir te amando,
como o sol constrói as estações.
Deitada sobre a noite, seguir te amando
até a mais distante aurora,
sempre e mais tua do que sonhara.

Imagem: Shane Wilson


sexta-feira, outubro 05, 2007

Coragem


Esqueci as farpas em torno do meu coração e
as paredes marcadas de vermelho do meu esmalte.
Esqueci as frágeis ilusões, suas festas e as luzes
cúmplices dos meus cantos escuros.

Esqueci a cena, a melodia de tanta voz a me ensurdecer
e depois da cortina, a voraz boca, de veneno e dor.

Nada mais sei de bancos vazios, do tempo e do frio,
do gelo e da flor cansados de esperar, sobre a mesa.
Esqueci a ilusória redenção de não mais querer
e a solidão e o vazio.

Esqueci as lágrimas, último traço de antigo pintor.
Tudo esqueci,
outra de minhas várias coragens,
diante deste dourado ouro, o seu amor.
Saramar

terça-feira, outubro 02, 2007

Idílio

Os dias longos pesando sobre o relógio
e as horas, em seu infinito sono, tentam deter
o que não obedece o tempo dos homens.
Lá fora de mim, um mundo
e seus espantos tentam prender
o que não esmorece com muros.
Inutilmente.
Se ando sob a chuva
e um perfume me envolve,
é dos meus pés molhados
que sabem agora,
das raízes do mais fundo chão,
onde nascem flores.
Se dentro do vento
há murmúrios de antigas palavras,
um canto, uma promessa de amor,
desfaço o torpor das horas
e traço outras trilhas,
tornando em fina linha de mil augúrios,
o anterior vazio onde sozinhos,
miravam-se, em agústias de só ser,
os meus sonhos e os seus.

Imagem: Pablo Picasso

domingo, setembro 30, 2007

À sua espera


Invento os dias e já deles vivo,
ainda que se demorem
para minha tão grande pressa.
O amor é já minha premência,
meu abandono e a saudade do que virá e
meus olhos intentam enxergar
no recôndito deserto dessa solidão.
E já tudo acontece
e me transformo em cais urgente,
em rumor de primavera, seiva fremente
à sua espera,
sombra do amor que a tudo transfigura,
ainda que habite em névoas,
em tudo que só existe em meus sonhos.

Imagem: Carl Holsoe

quinta-feira, setembro 27, 2007

Amanhecer


O sol às voltas com seu forno,
dourando o dia para servi-lo quente
e eu ainda em minhas penumbras,
envolta em você.
Não sei se é sonho,
ou se bordo em meus lençóis
seu corpo de fogo
dourando a manhã já posta
na mesa do café.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Eu e você


era uma chuva fora da hora
eu e você sob aquele frio,
descobrindo um jeito de desfazer os nós
de toda primeira vez.
de repente,
uma flor caiu do meu vestido.
tímidos por algum átimo,
mal percebemos o feitiço,
até que, menino, em extrema delicadeza,
você descobriu meu corpo.
era uma primavera
eu e você,
eu e você...
e a flor que caiu do meu vestido.

Imagem: Christine Zalewski

domingo, setembro 23, 2007

Sem modos

"teu íntimo sentir floresce em minha boca..."
Unamuno


O amor chegou qual um raio, riscando o céu (de cegar) e meu corpo mudou, flutua agora, apesar de ar faltar a todo minuto, à menor lembrança do meu amado.

Agora, sou apenas os meus sentidos, o tato, a pele em fogo e devaneios. A primavera me entra pelo corpo, polens, planuras coloridas, sonhos de Monet, mil picadas de abelhas formigam em mim, eu flor, colorida de amor, em mim já posso sentir as tépidas mãos que me irão desfazer, pétala a pétala.

Abertos todos os céus, neles passeio, tomando para mim, estrelas, reivindicando a lua e suas serenatas e os gatos cantando em dueto nos becos. Não disse que me perco, que devaneio? É a loucura de quem ama.

(Meu corpo já se abre feito girassóis, em prelúdio de carícias).

Não quero lençóis, quero a canícula do meio dia que ele trará, mesmo que venha de madrugada. Quero a impudicícia do sangue aquecido até a dor, ventura, quentura boa de quem ama assim como amo. Não quero os planos, quero que me olhe como olha o mar, com sal na boca e o horizonte nos olhos.

Não quero leitos, quero flores e beijos e tudo o que meu amor sabe trazer, carta de amor no bolso e um rosto alegre e belo, bárbaro dono do que sou, dúplice sonho, minha água de aumentar a sede, Zeus meu e suas plumas.

Imagem: Richard Cosway

sexta-feira, setembro 21, 2007

Vieste


Ao teu amor fui destinada, agora sei.
De tanto o ter vivido,
em sonhos, em notívagos monólogos,
sei de tuas pegadas, sei das madrugadas
feitas de te esperar.
Chamei teu nome nas ruas,
em murmúrios, é verdade.
O ruído de te esperar
era um grito dentro de mim.
Vieste, enfim vieste.
Mal sei ouvir
a confidencial música que sussurras.
Jardineiro dos meus sonhos,
me ensine sobre esse amanhecer.

Imagem: Chagall

segunda-feira, setembro 17, 2007

De amor, não sabia...

E eu que imaginei saber do amor, o aroma, nada sabia de comunhão e profanos desejos.
Apenas, de longe, sentia esse arder que agora envolve meus sentidos
e a garganta que se tranca quando quer cantar.
O que sabia eu da ternura quente que faz dançar meus braços,
adiantando-se à tua chegada?
Nada, meu amor, nada.
Desconhecia esse desespero de saudade que adormece os relógios
e me submerge em agonias de espera.
Os sabores que guardo na boca, todos novos, mal os seguro,
nesta nova ânsia
de que venhas prová-los.
Meu canto, amor, só tem uma palavra:
o teu nome, em chamado de urgências.
Procuro teu cheiro nas flores que amo, nos livros, nas pedras.
Procuro-te nas noites e só em sonhos, encontro o beijo
que me desfaz em rosa cálida para sua boca
e deixa minha alma amarfanhada de noturnos e doces enleios.
E eu, que imaginei ter conhecido o amor!

Imagem: Rossetti

sexta-feira, setembro 14, 2007

Acalanto

Um poeta me falou do amor
e de ventos e sonhos,
perfumou meu coração com suas palavras.
Veio com as mãos prenhes de girassóis e
abriu a noite em que me encerro
em amarelos ardis de encantamento.
Refez as madrugadas que eu havia esquecido
e as estrelas se vestiram de bailarinas.
Brilham além da luz,
brilham nos meus braços
e acendem minhas mãos,
o único pedaço de mim que dormia
e agora, coloridas de vida, ensaiam carinhos.

Um poeta me falou do amor
e não mais anoiteço.
Agora, adormeço no colo das suas palavras

Imagem: Ona

quarta-feira, setembro 12, 2007

QUERER-TE

Querer-te é um vôo em que me lanço,
como ave de curta vida
indo de encontro ao rochedo.
Sou frágil para tanto amor
e ainda assim, vou,
busco de livre vontade os tormentos,
as tormentas do amor, esse insaciável tirano.

Querer-te é um vento a que me entrego,
andando da terra para o mar, a levar
os perfumes, o pó do tempo.
E o tempo nada pode para tanto amor.

Querer-te é voltar sempre os olhos para trás
e chorar a lágrima azul
que em meus olhos deixaste.
Azul do mar que não cessa de crescer entre nós.

Querer-te é esse lamento de rio nas pedras,
esse subterrâneo domar da realidade,
esse imaginar, como se existisse
a rosa, o arco-íris e sua promessa de felicidade.


domingo, setembro 09, 2007

Meu amor

Meu amor hoje vive em gavetas,
sob a poeira dos dias solitários,
guardado em palavras não ditas,
desoladas palavras que só falam de saudade.
Meu amor, tão delicado, anda perdido
entre pedaços de lembranças do tempo
em que eu era feliz.
Mal se ergue.
Falta-lhe o alimento de outras palavras.
Falta-lhe o ar dos carinhos divididos.
Meu amor é espelho de uma só imagem
e só vive,
vive só em mim.

Imagem: Veronique Mansart

terça-feira, setembro 04, 2007

Fera

"o amor zomba dos anos."
Tom Zé


Sim, amigo.
cometi a loucura de amar.

Não repudie a palavra.
É loucura, o meu amor,
um dançar de página de livro aberto
que antecipa enredos, desfaz a lógica.

Não se assuste, o amor não morde
senão a quem o guarda em si,
fera a hesitar no escuro,
que se amansa ao ínfimo olhar
de quem se ama.

Amo.
E o que importa,
se meu amor e suas marcas
ficam somente em mim?

Imagem: Francine Von Hove

domingo, setembro 02, 2007

Ilusões



A todas as ilusões me entrego.
Se não há amor, invento.
Vivo de verso em verso
como se amando pela vida andasse.

Engano-me?
Sim.
De que mais viveria
senão dessa agonia?

Dói?
Sim.
Muito mais doeria
carregar em minha mão
a flor morta da solidão.





Imagem: Jonh Willian Waterhouse

sexta-feira, agosto 31, 2007

O que me dói


Não é seu adeus o que me dói.
Antes, a certeza súbita do que não mais terei e a saudade que já pressinto na ponta dos dedos, no dobrar dos dias que se fará em longa, inexorável noite.

O que me dói é o silêncio que tomará as paredes, de agora em diante duras, só tijolos e desbotadas tintas. Nelas, seu cheiro não mais será o aceso dos meus sentidos.

O silêncio, meu amor, é o muro que me cercará, pois que me dói qualquer música. Qualquer canto de passarinho me fará chorar.

O que dói em meus olhos não é esse mar incontido, prestes a arrebentar. São essas flores inúteis, de ilusório frescor, pois que já sentem em que água se molharão.

O que mais dói é o nunca mais e essa calmaria como se meus braços fossem de mortos e as asas que me deu fossem, agora, pedras que me impedem de voar.

(Seu adeus encheu de deserto meus olhos).

Imagem: Arthur Hacker

quarta-feira, agosto 29, 2007

Carrossel

Ando livre, ando livre
feito criança no carrossel.
Pedaços de azul me cobrem os olhos
e a alma, esquecida da escuridão,
pula pontes, para se deitar no verde
do mais proibido quintal
e seus frutos, que não provei, mas já sei
os mais doces do mundo.

Ando livre, ando leve
feito asa do meu anjo
que se deita em mim, tão breve
e leva entre os cabelos, meus medos
para espalhá-los lá longe.

Ando livre, ando livre
como cavalos soltos do carrossel
e, como eles, sonho, o mais avassalador
dos sonhos,
voar até o céu, que está bem ali
nos braços do meu amor.

Imagem: Marc Chagall

sábado, agosto 25, 2007

Langor


E renasço, enfim.
Na dança dos seus braços
no seu peito em descompasso,
nos sôfregos acordes em stacatto,
no caminho que rabisco preguiçosa,
em suas costas,
desenho de langor, abraço.
Enfim, meu corpo no seu,
lasso.

Imagem: François Boucher

quarta-feira, agosto 22, 2007

Seu adeus


meu rosto no teu travesseiro
é o que resta de toda tentativa de amar.
faltos de tuas mãos de os arrancar,
(ah! meu vento...)
meus vestidos amarelam, perdem a tom, a chama.

meu rosto, minhas lágrimas
todas as bobagens que guardei
os brincos vermelhos, os beijos vermelhos...

para que tanta cor, se de ti, só cinzas
e o eco do adeus que disseste
indiferente a quem te ama?

Imagem: Tamara de Lempicka

terça-feira, agosto 21, 2007

Na terra como no céu



Hoje, estou no blog do Leo, esperando sua visita.

Imagem: DeMorgan


sábado, agosto 18, 2007

Confissão

Confesso que queria o amor.

Todas as insônias, as reticências
e minha voz calada,
todos as músicas de amor e as palavras girando,
todo o mar, os cais invisíveis,
essa cegueira de nada mais ver,
a falsa mansidão das minhas mãos sem pouso,
as paredes que desmanchei,
a fome, a mancha, o mofo, a morte,
todas as noites que inventei
e todo dia reabrir as bicas, acender o fogo, o suor,
são o desaguar do meu amor,
esse lobo faminto, sozinho.

Por não ser, o amor me nega.
Por se negar, o amor me desfaz.

Eu queria ser feliz
e a ausência do amor não deixa.

Imagem: Nicoletta

terça-feira, agosto 14, 2007

Guardados


Recolhi suas lembranças, as memórias do nosso amor.
As horas guardei. Quem me dera todas elas, em volta constante, mas o tempo já passou, já levou nossos momentos.

Agora, ficaram as eternidades e estas são lentas senhoras que só se vão a muito custo. A eternidade da solidão, a eternidade das madrugadas e entre todas, a mais permanente: a saudade.

Guardei seu olhar de nuvem, de quem só contempla horizontes (e os via em mim, quando o amor não era essa ausência). Guardei o calor da sua voz, uma quentura boa de paixão que afastou todos os invernos abrigados em mim.

Nem sabe, amor. Eu, que antes tremia ao seu convite, à sua perdição em meus labirintos, hoje sou trêmula folha, tonta de tanto vento frio nos vazios que deixou.

Recolhi todos os fragmentos de felicidade, bolhas de sabão que espalhava pelos meus dias. Guardei esses pedaços de ilusão dentro a alma, meu espelho mais colorido, onde vive a esperança. Quem sabe, um dia, quando também sentir frio e estiver cercado de eternidades, volte para se mirar, quem sabe...

Imagem: Frank Dicksee

terça-feira, agosto 07, 2007

Ensina-me

Como enganar os dias solitários
e a alma árida?
A lembrança do que não foi,
como um filme interrompido após os letreiros iniciais?

Como enganar a vontade dos beijos
que inventavam saudades para mais tarde
e de que nem sei o sabor?

Como enganar essa dor
dos signos não desenhados,
de não ver o chão que queríamos marcar com nossas palavras?
Tudo areia, tudo. O mar levou.

Como enganar as mãos ansiosas pelo
corpo de moldar em angústia de paixão
e detê-las antes do gesto inútil,
do gesto sem lugar, sem porto, sem corpo de tocar?

Como enganar meus sonhos, se
"você é a palavra única que ando pronunciando"?

Ensina-me onde me esconder da saudade,
se não tenho braços de me acolher?

Imagem: Daeni Pino

domingo, agosto 05, 2007

Cinzas


Agora que a promessa se desfez,
agora que o amor se cansou de continuar,
o que haverá de meu no seu coração?
Guarda, quem sabe, minha voz?
Guarda o vermelho da flor feminina,
guarda do mar, o sal que encontrou?
Se não, onde estão?
Perderam-se talvez,
sob ecos noturnos de outras paixões.

De seu, meu coração guarda as canções
que sempre afirmava nossas
(havia uma para cada momento de ternura, lembra-se?)
De você, guardo a agonia delicada
de suas mãos que nunca me deixavam,
"meu brinquedo",
"minha boneca de pele de louça",
palavras suas, que agora são minhas,
guardadas, desenhadas em minhas lembranças
como rabiscos coloridos de criança feliz.

Você nem se lembra,
mas não se preocupe.
Quando a vida doer à falta de alguma ternura,
poderei contar de cada dia e cada desvairada noite
e tudo, espero, provocará apenas um sorriso,
uma saudade morna, desbotada pelas "cinzas das horas".

Mas não sofra logo, não venha logo em busca do que deixou.
Por enquanto, ainda sou vela solitária.
Por enquanto, ainda a saudade é brasa queimando
nas cinzas desse amor.

Imagem: Shirely Novak

sexta-feira, agosto 03, 2007

Desamparo


Para além das horas cinzentas, vejo a vida passando,
o rio que nunca volta,
levando seixos, deixando as mais pesadas pedras.
Ando cansada deste peso, do mudo passar dos dias
"sem paz, sem amor, sem teto..."
Nem um bolero ou flores me alcançam.
Neste rio que indiferente, passa,
forte, o vento, de dentro, cobre a tenra cor das flores
e leva a música para outro mundo mais feliz.
Já me fingi de atriz e encenei dentro de outra cena
as horas alegres, as dores suaves e algum amor.
Triste espetáculo, sem coro, sem platéia. Desisti.
Hoje, vivo meus próprios dias, as horas vazias, as noites sem fim.
E arranco pedaços. Arranco pedaços de mim.
Quem sabe assim, de naco em naco,
diminua a solidão, cortando-a, em sangue,
em dor, em transe, até o fim.

Imagem: Jonh Henri Fuseli

quarta-feira, agosto 01, 2007

Madrugada

Um violão abraçado em abismo de rosas,
dilema das mãos, mal sabem onde estão
mas sabem do som que o amor abriga,
sabem se só dilermando?
ou são as minhas,
que descansam nesta madrugada
de nós dois,
ou três ou mil amantes
tão frágeis na rua,
e a lua, rindo dessas neblinas
que a cobrem.
quem repousa em meu corpo?
o violão, d'accord, d'accord
carrilhões, outros sons,
já é madrugada,
mata-me de amor.

Imagem: Diego Roberto

segunda-feira, julho 30, 2007

MÁRIO QUINTANA


Do Amoroso Esquecimento
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo...
De lembrar que te esqueci?

(Espelho Mágico)


Os passarinhos,
as ruas de Porto Alegre,
a alma da poesia mais pura,
a alma de passarinho nas ruas,
alegre, alegre,
o porto de poemas,
soltos, soltos.

Quintana,
passarinho solto no céu,
colorindo almas de anjos.

Poeta,
pequenino pela pureza de sua alma-criança,
imenso pela grandeza dos seus versos.

Ave, Poeta,
para sempre vivo,
hoje nascido em 1906,
sempre menino das mãos de ternura.
Ave, passarinho.

Imagem: Vera Basile


Hoje há um pequeno poema lá no blog do Leo. Por favor, clique aqui.

domingo, julho 29, 2007

Presentes de amor



Meus amigos, meus queridos, sempre compartilho aqui, os presentes que recebo e que me tocam a alma. Todos os presentes que já mostrei estão guardados num canto iluminado da minha alma e no espaço especial, só meu, onde os deixo para meu deleite. Quando estou triste, ou ansiosa, refugio-me neles para me refazer com o amor dos meus amigos.

Ontem recebi dois presentes. Um deles, vivo, voando em minhas mãos, o cheiro enchendo o ar, desde a calçada (até os vizinhos notaram) e eu já o sabia saboroso antes mesmo de olhá-lo. Um namorado.

Antes de descrevê-lo, tenho que falar de como é difícil amar de longe. Eu não sabia. Não sabia dessa vontade de olhar nos olhos e dizer "obrigada por existir". Nem imaginava que fosse possível admirar e se apaixonar à distância.

Que bobagem! Claro que é possível porque temos as palavras, coisa mais divina não há.

A voz que nunca ouvimos está nas palavras,
os olhos que nunca miramos podem ser admirados nas palaras,
o carinho sempre encontra seu destinatário através das palavras.
Em uma palavra, encontramos a beleza. Basta uma.

Desculpem, meus amigos por falar tanto. É que estou feliz daquele jeito que quem me conhece sabe. Estou boba de felicidade.

Ontem, depois de longo vôo, pousou em minhas mãos, "SUINDARA". Veio direto do Acre para minhas mãos e olhos ansiosos. Trata-se do livro da minha querida, admirada, amada amiga LEILA JALUL. Meu mais novo namorado, que hoje acarinhei o dia inteiro, de forma especial.

Leila é escritora, poeta, artista plástica e escreve, em jornais, blogs, sites, nos muros, na alma da gente, as suas palavras de encantamento, de verde feitiço daquele povo da floresta. Escreve também as lidas da mulher, no chão, na fazedura do pão, no urdir do amor. Tudo ela sabe e quase tudo diz.

Falei em dois presentes. Além do meu mais novo namorado, o livro SUINDARA, Leila ainda escreveu que estou lá entre seus carinhos, na apresentação. Eu vi ontem. E perdi as palavras entre as emoções, as lágrimas felizes e um amor de longe, mas imensurável. Só hoje, consegui falar.

Obrigada minha amiga.

Por favor, vejam sobre o livro aqui: SIUNDARA