terça-feira, junho 20, 2006

Não sou poeta


Não sou poeta, não finjo a minha dor.
Sofro-a integralmente, com todas as lágrimas e o ranger de dentes nas madrugadas.
Mas o dia nasce e a vida não permite que se sofra demasiado.
Não há tempo para essas sensibilidades. Não há mais tempo para aprofundar melancolias.
O que há são as horas mínimas e a gigantesca tarefa de sobreviver.
Enquanto isso, as dores reais se transformam em lágrimas inesperadas meio a contragosto e, cada vez mais, em mortes súbitas.

Imagem: Steves M

7 comentários:

Karla Rensch disse...

E dores sao sempre dores....
Melhores as que nao deixam marcas...
Beijos de lua!!!!

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Texto emocionante, adorei.
http://dudu.oliva.blog.uol.com.br

Anônimo disse...

não é poeta ?
que invejoso te disse isso ?

Anônimo disse...

O teu poema fez-me lembrar um outro da autoria de Fernando Pessoa:
" O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir ser dor
A dor que deveras sente"
Beijinhos amiga

Santa disse...

Saramar, fico impressionada com a sua capacidade,diária, na produção literária.

Bjs

Jôka P. disse...

Obrigado pelo carinho de suas palavras ontem lá em Copacabana, Saramar.
Muitos beijos !
:)
Jôka P.

Marco disse...

Você está certíssima! E é poeta, sim. O Fernando Pessoa pode ser um "fingidor", mas você não o é. E retalha as palavras com rara sensibilidade. Um beijo grande.