terça-feira, fevereiro 05, 2008

És tanto...


Na voracidade do teu pouso,
oh! poderoso pássaro,
perturbam-se meus seios,
como se neve os ornasse.
(entretanto, queimam).

Da leve sonata que tuas mãos
inventam em meu corpo,
oh! fugacíssimo mágico,
eis que no jardim antes adormecido,
desvela-se a ardente rosa.

No ritual arquétipo dos sentidos,
oh! gentilíssimo feiticeiro,
abrem-se os olhos do dia,
despertado, em pêlo,
pela melodia dos nossos ais.

És tanto de amor,
que refizeste o caminhar das horas.
Na cotidiana espera, sinto que se demoram
(mais, cada dia mais).

16 comentários:

Anônimo disse...

Saramar , me pergunto: se o ritual da espera revela para nós esta grande manipuladora das emoçoes em versos e prosa, imagina quando for concretizada em todos os sentidos? Beijos e Feliz Dia! Claudete

Deassis disse...

Qual o tempo melhor, o tempo da espera ou o tempo de estar? O tempo às vezes agônico da espera pode (deve) ser vivido como o tempo da brisa incerta que anuncia a chuva, os relâmpagos mas também o cheiro da terra e o arco-íris. Espera e estar são distintas salas da vida, mas ambas úteis e boas, cada uma à sua maneira.
De qualquer forma, o poema – como sempre – é lindo. Os magos fugazes estão, com certeza, agradecidos e cada vez mais encantados pela saramagia.

Anônimo disse...

Amiga nao estou apta a comentar talento tao especial. Bom resto de semana. beijos, cilene

Saramar, vc tem filhos? e casada? Nao precisa responder se nao quiser

Anônimo disse...

Seus vocativos, minha cara, são de uma propriedade estimulante!!! Parabéns por definir tão pessoalmente e ao mesmo tempo com tanta universalidade os efeitos do amor...

benechaves disse...

Olá Saramar!

Bonitos versos! E de quebra, uma bela ilustração. Agradeço sua simpática e gentil visita. Apareça sempre!

Um abraço cordial...

Anônimo disse...

Pela melodia dos nossos ais, saberemos que instrumento está sendo tocado. Meu beijo. Jota Effe Esse.

Odele Souza disse...

Saramar,
Admiro profundamente quem, como você, tem talento para fazer poesia. Esta aqui, a exemplo de outras suas que já li, é linda.

Bom fim de semana.
Um beijo.

dade amorim disse...

Sempre que venho aqui recebo um generoso batismo de beleza. Gosto muito de seus poemas. Beijo pra você.

Marco disse...

Ah, querida amiga Saramar...
Onde quer que ele esteja, Castro Alves deve estar se babando de inveja por não ter escrito este poema. Mas nem que ele reencarnasse trocentas vezes chegaria perto de sua sensibilidade. A primeira estrofe é absolutamente Prêmio Nobel de Literatura!
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
(Espero que o problema de saúde na família tenha se resolvido)

Claudinha ੴ disse...

Olá Saramar!
Espero que tudo esteja bem com sua família!)
Você nos leva a sonhar com o amor e com as sensações que descreve. Refaz o caminhar das horas com este pouso de pássaro amor. É um dom espetacular o seu. Um beijo!

Mar Arável disse...

Quando o amor desponta

o melhor é fechar o portão

recolher ao mais íntimo da pele

e soltar os cães

de preferencia

na lua cheia

Anônimo disse...

Amara é muito bom, né Saramar.Beijos.

Anônimo disse...

Oi, Sara, o Momentos está de aniversário, apareça para a festinha ... rs. Bj.

..::Andressa::.. disse...

Olá!
Que delicia ler seus poemas, maravilhosos

Anônimo disse...

Minha fada

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
Carlos Drummond de Andrade

Alessandra Espínola disse...

intensidades! intensidades, minha doce poeta, é o que há em tua poesia... e uma leveza de toque, como pincelar palavras mas com cores intensas, belas, ardentes! beijos, adorei muito aqui!