domingo, janeiro 27, 2008
Da vida que passa
A vida é tão breve, amigo
e o amor exige tanto!
quer as lentas horas de sonhar
e o silêncio em que crescem as flores.
o amor exige silêncios de contemplar a própria alma
em busca do alento que desfez
o casulo onde dormia.
A vida é tão breve, amigo
e dormimos inocentes, do amor perdidos
em outros caminhos,
de sombra ou da tensa luminosidade
dos dias vazios.
O amor nos quer garimpeiros do seu esplendor,
quer a dor e do corpo,
a liturgia.
A vida é breve, amigo...
não me deixe só,
neste engano em que pensei viver
enquanto, de saudades, morria.
Imagem: Paddy Quinn
sábado, janeiro 26, 2008
Vem me dizer
Qual o teu jeito?
Qual é o meu?
É quando me assanho
e arranho tua pele
ou sempre que te entregas,
segredos,
as mãos e os beijos
de morder e matar?
Como fazer?
Qual receita?
Que caminhos percorrer
entre o teu desejo e minha ânsia?
Que tapetes estender para tua chegada?
Minhas flores ou a cor dos meus seios?
O que te eleva?
O que me leva aos teus braços,
que me estenderás,
cativo e carcereiro
do que enfim, ofereço,
minha flor,
meu espinho de cortar
e este coração que,
de tanto te amar,
abre-se como coxas de abraçar.
Qual tua fúria?
Em que fera te refazes,
em que arena devo me lançar
a atiçar tua sanha
e fazê-lo tonto,
manso,
de tanto me amar?
Qual é o meu?
É quando me assanho
e arranho tua pele
ou sempre que te entregas,
segredos,
as mãos e os beijos
de morder e matar?
Como fazer?
Qual receita?
Que caminhos percorrer
entre o teu desejo e minha ânsia?
Que tapetes estender para tua chegada?
Minhas flores ou a cor dos meus seios?
O que te eleva?
O que me leva aos teus braços,
que me estenderás,
cativo e carcereiro
do que enfim, ofereço,
minha flor,
meu espinho de cortar
e este coração que,
de tanto te amar,
abre-se como coxas de abraçar.
Qual tua fúria?
Em que fera te refazes,
em que arena devo me lançar
a atiçar tua sanha
e fazê-lo tonto,
manso,
de tanto me amar?
Imagem: Di Cavalcanti
Hoje, também estou aqui. Venha ler.
segunda-feira, janeiro 21, 2008
Se...
Pudera ser pêssego
e sua boca só provaria de doçura e seda.
Quisera ser ponte
e dançar em arcos na
amplidão dos seus braços.
E se fora pluma,
em você, suave, escreveria
toda uma história de amor.
Porém, sou gente e,
como se fora flor,
germino em saudade de primaveras,
tecendo aromas de entontecê-lo.
e sua boca só provaria de doçura e seda.
Quisera ser ponte
e dançar em arcos na
amplidão dos seus braços.
E se fora pluma,
em você, suave, escreveria
toda uma história de amor.
Porém, sou gente e,
como se fora flor,
germino em saudade de primaveras,
tecendo aromas de entontecê-lo.
Imagem: Wong Luisang
quarta-feira, janeiro 16, 2008
O tom do amor
Nada leva o tom do amor,
o que tem de flor,
e o amargo saber do que dói
enquanto festeja,
na carne e no vinho,
a entrega.
Nada mais, depois do amor,
senão a pele possuída,
ora de neve, ora do fúlgido toque
que, para sempre permanece...
... orvalho, vazão de rios, visco,
tonturas
e o vento de virar gente
pelo avesso.
o que tem de flor,
e o amargo saber do que dói
enquanto festeja,
na carne e no vinho,
a entrega.
Nada mais, depois do amor,
senão a pele possuída,
ora de neve, ora do fúlgido toque
que, para sempre permanece...
... orvalho, vazão de rios, visco,
tonturas
e o vento de virar gente
pelo avesso.
Imagem: Rodin
sábado, janeiro 12, 2008
Do amor e seus cuidados
A todos os amantes, eu digo: cuida do amor
e lhe dê abrigo em seu coração .
Não o deixe ir morrendo
como flor em jardim esquecido.
Ele precisa do mundo,
como o mundo o sorve,
em sua sede.
Não o deixe partir para o incerto
ou perder o carinhoso verbo
soterrando-o em silêncios,
que o amor bebe todos os ruídos
e as palavras de fecundá-lo.
o amor e sua sede...
Urge engalanar o amor com bolas de cristal
e seus futuros felizes e aventureiros
que o amor é menino e quer brincar,
quer brincar o amor,
de ser feliz.
e lhe dê abrigo em seu coração .
Não o deixe ir morrendo
como flor em jardim esquecido.
Ele precisa do mundo,
como o mundo o sorve,
em sua sede.
Não o deixe partir para o incerto
ou perder o carinhoso verbo
soterrando-o em silêncios,
que o amor bebe todos os ruídos
e as palavras de fecundá-lo.
o amor e sua sede...
Urge engalanar o amor com bolas de cristal
e seus futuros felizes e aventureiros
que o amor é menino e quer brincar,
quer brincar o amor,
de ser feliz.
Imagem: Pam Wagner
terça-feira, janeiro 08, 2008
Ainda o ano, que ainda é novo
Nunca no teu olhar o meu repousa;
Nunca te posso ver, e todavia,
Eu não vejo outra cousa!
(João de Deus)
O ano novo chega
como se se abrisse ilusória cortina.
O destino, qual onda do mar,
já se quer outro,
refazendo-se em torno da pedra.
em meio ao tormento do amor só,
esperam os aflitos
que o novo ano seja um vento,
ser o vento...
esperam os benditos que ainda amam.
para quem vive encarcerado na solidão,
mesmo a ira das palavras
é alento, nesga de sol,
ano novo no carnaval.
(Quase fenda de semear, o novo ano.
e já está a passar)
...asa de voar.
Nunca te posso ver, e todavia,
Eu não vejo outra cousa!
(João de Deus)
O ano novo chega
como se se abrisse ilusória cortina.
O destino, qual onda do mar,
já se quer outro,
refazendo-se em torno da pedra.
em meio ao tormento do amor só,
esperam os aflitos
que o novo ano seja um vento,
ser o vento...
esperam os benditos que ainda amam.
para quem vive encarcerado na solidão,
mesmo a ira das palavras
é alento, nesga de sol,
ano novo no carnaval.
(Quase fenda de semear, o novo ano.
e já está a passar)
...asa de voar.
Imagem: Francisco Huete Martos
sábado, janeiro 05, 2008
Fugaz
Eu também tive um amor.
Íntimo ser de meus devaneios,
marcou meus rumos, indo por onde eu ia,
visão guardada, daquilo que não pude ter.
Eu também tive um amor,
Perfume a viver constante em minha pele,
a doer como um solo de jazz para ninguém,
ou o tango na madrugada dos perdidos.
Eu também tive um amor,
e não fui capaz de contê-lo,
que era, dentro do peito,
um sopro de cavalos alados,
tão fugaz!
Ai, o meu amor, perdido e belo...
Imagem: Nikki Crane