terça-feira, dezembro 26, 2006

Queridos, até já


Desejo-lhe o que você deseja. Desejo-lhe o amor, por si, para si, para os outros, para todos.

Enquanto amamos, somos felizes. E só somos felizes quando amamos.

Eu sou muito feliz porque amo você, meu desconhecido amigo virtual. E confesso que, neste ano que está indo para a memória, sua presença, seu carinho e sua amizade alimentaram meus dias com felicidade, emoção e amor.

Obrigada a você que me ajudou a sair da névoa.
Obrigada a você que me deu a ilusão do amor.
Obrigada a você que exagerou nas palavras, diante dos meus mal arrematados textos.
Obrigada a você que ressuscitou lembranças da minha infância, trazendo de volta a felicidade daqueles dias.
Obrigada a você que me ensina a língua-mãe.
Obrigada a você que enche de poemas o meu dia.
Obrigada a você que me dá notícias do outro lado do mundo.
Obrigada a você que é meu mestre na política e em quem adivinhei o gênio.
Obrigada a você que me deu livros de presente com linda dedicatória.
Obrigada a você que meu conterrâneo, todos os dias, empresta a beleza para o espírito e os olhos.
Obrigada a você que me apresentou Copacabana.
Obrigada a você de quem sou devota, a exemplo do mais inteligente e divertido dos mestres.
Obrigada a você que agradeceu pelos versos que estavam em si, esperando uma janela aberta para sair.
Obrigada a você que quer me ensinar a rimar.
Obrigada a você que, já tendo ido embora, continua aqui no meu coração e ficará para sempre.
Obrigada aos novos amigos que chegaram agora mesmo.
Obrigada a você que vem silenciosamente e é como aragem levinha.

Obrigada a todos que aqui vieram e me deram o seu amor.
Por isso, meus momentos de felicidade foram se multiplicando durante o ano, até se tornarem horas, dias, meses, um infinito de tempo feliz.

A imagem? Roubei lá do Alfarrábios.

Voltarei em alguns dias. Cuidem, por favor, das minhas janelas.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Amor

Um ano significa tanto e esse tempo lá fora é grande.
Aqui, dentro dessas janelas, é sopro, ou mil dias.
Principalmente noites, foi isso.
E o amor, esse enganador, passou aqui, ali, tão próximo, sem tête-à-tête.
Expectadora dos meus sentidos,
olhei os namorados e seus beijos,
vi o amor, tão próximo, mas era brinquedo de outras crianças.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Neste Natal


Amigo, vou lhe contar uma curta e bonita história de amor.

Era uma vez, uma mulher que não se lembrava mais de como ser criança, nem tinha o riso na alma. Uma mulher que já não escalava correndo as árvores da ilusão, nem dormia o sono pacífico daqueles que ainda não sofreram.

Às vezes, vislumbrava luzinhas na névoa da solidão, longe, longe e, por mais que tentasse, nunca as alcançava.

Porém, no momento exato, eis que um farol imenso se abre sobre a escuridão, envolvendo-a com sua força, com sua luz, com seu poder e com a alegria comum a todas as luzes.

Esse farol tem um nome: AMIZADE.

Desde então, a mulher, antes perdida, encontrou-se e se encontra diariamente em permanente festa e é feliz para sempre, pelo menos por enquanto.

Mudando de assunto, neste Natal, não precisei pedir nada ao Papai Noel porque ele antecipou todos os meus desejos. Que velhinho danado!

Deu-me o amor, impossível, mas deu. Como amor não se discute, vou amando assim.

Deu-me as palavras para falar desse amor. Ainda não sei usá-las direito, mas sigo aprendendo.

Deu-me os livros, meus amados. Já disse aqui da minha relação apaixonada e sensual com eles. Essa paixão aumenta, aumenta. Sou sempre infiel com eles porque amo vários e todos ao mesmo tempo.

Deu-me muita alegria com meus poemas. Um deles está até virando música e outros foram lidos por mais de 2 mil pessoas recentemente.

Mas, neste Natal de alegria novinha, o melhor presente que ganhei foi você, seus carinhos, sua presença, suas palavras. Por isso, gostaria tanto de saber escolher as mais lindas palavras de amor e então, diria que lhe desejo um natal na mais prefeita comunhão com seu Deus, qualquer que Ele seja, onde você estiver, porque é aí que Ele estará.

Espero que o seu Papai Noel seja tão pródigo quanto o meu e deixe sua alma entupida de amor, carinhos e paz.

FELIZ NATAL!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Por você


"Se, ao te conhecer, dei pra sonhar..."
Chico Buarque
Para você, pinto de vermelho meus lábios ansiosos
e abro minha alma em arco-íris,
pois que é o meu sol, ao fim de longa tempestade.

Só para você, encho a casa de flores.

Com você brinco de ser feliz e radiosa
e transformo a noite em dia.

Para você, rabisco toscos versos, menores que
a minha saudade quando não vem.

Por você, saio pelas ruas, linda e solta
e encanto o mundo com minha alegria.

Por ter me tirado do casulo escuro de dores antigas
que não me deixavam,
com você, sou trêmula e frágil borboleta,
colorida de sonhos.

Com você, sonho.

Imagem: Júlia Mariano

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Ilusão

Você veio, como brisa, fumacinha de engenho, arco-íris depois da tempestade.
Invadiu meus dias com delicadezas de pássaro e som de chuva leve. Encheu de cores os meus olhos tristes e, com suas palavras de amor, fez do meu coração, cativo da mais doce prisão.
O amor cantava em minhas veias.
Mas hoje, esconde-se, perde-se de mim e não volta mais.
Todos os dias indo e eu só.
Não pensei que fosse apenas ilusão disfarçada.

Ando só.
Como uma casa abandonada, desmancho-me em pedaços irremediáveis.
Fantasmas me visitam e meus dentes rangem na noite escura.
Ando só e vou por estranhos caminhos.
Ando tão só depois que se você foi.

Imagem: Judy Richardson

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Labirinto

Amar como amo é andar por uma casa de mil portas fechadas.

Busco em mim todas as ternuras necessárias e sigo abrindo, uma a uma,
em longas e desajeitadas tentativas.

Sigo procurando seus velados olhos de seduzir.
Vou em busca do meu coração
que você tomou para si sem cuidado.



Procuro-me em meus labirintos e nos seus,
onde nos perdemos constantemente,
mas, por trás dessas mil portas,
os ecos do meu amor andam cansados de chamá-lo, em vão.



Não encontro as chaves.
Não há ternura suficiente nem palavras mágicas
que as façam novamente se abrir e me deixar ver o sol.
Talvez nem exista mais sol.
Talvez não haja nenhuma saída.

Imagem: Kim M. Koza

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Decisão de final de ano

No próximo ano, vou amar diferente.
Prometo que, em meu colo, meu amor vai se deitar mais noites e sonhar acordado em meus braços, por horas sem fim.
Mas também prometo que não pisarei sozinha, as pedras da nossa estrada.

Prometo que vou aprender a cozinhar e fazer as comidinhas que ele só vê em revistas.
Mas juro que dividirei com ele as delícias da pia cheia de louças.

Prometo ler para ele, em voz de langor,
os sonetos de amor do Vinícius .
Mas prometo igualmente permitir que ele leve os cães para passear.

Prometo deixar o cabelo crescer de maneira inimaginável.
Mas quero que ele os lave com suas mãos, seque-os longamente e os perfume com seu hálito e seus sussurros de amor.

Prometo esperá-lo todos os dias, como espero o sol,
pois que ele é meu sol.
Mas poderei dormir enquanto ele não chega para que me desperte com seus beijos, ou quem sabe, alguma serenata?

E, se passado o ano, eu não cumprir nenhuma dessas promessas, ainda assim, prometo que irei amá-lo de todas as formas que há de amar, como ontem, como hoje, como sempre.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Insônia (I)

O “sono revigorante”,
meu sono revigorante anda por aí,
perdido em alguma esquina
ou em leito mais feliz.
Vejo fundo na noite.
Réstias e coros de noturnas atrizes e sua solidão disfarçada de batom.
Ouço os cães vadios a cantar sua música, em perpétua fome, mas me
cansei de luas e estrelas. Cansei-me de suas conversas azuis.
A madrugada, um elástico ou talvez muro impedindo o sol,
e minha cabeça, um hipódromo em dia de grande prêmio.
Pelo menos, vejo todas as horas cinzentas
e a chegada do eterno viajante, em colorido espalhafato.
No entanto, mesmo sempre e antes desperta, não posso, como Joanna, cantar para o meu amor, e repetir
acorda, acorda, d'accord, d'accord...

Imagem: Alphonse Mucha

domingo, dezembro 10, 2006

Clarice



"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa.
Não altera em nada...
Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas.
A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
(Clarice Lispector)


Quem mais surpreendeu as palavras com a exatidão de seus contornos, ela também, surpresa de si mesma e de sua própria clareza?

Talvez, sua busca pela essência mais que pelo fato, pelo pensar mais que pelo ato, a tenha levado a compreensões maiores, invisíveis aos nossos rotineiros olhos.

E ainda assim Clarice afirma modestamente que "Aliás, descubro eu agora - eu também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria."

Porém foi e será sempre A ESTRELA porque seu sangue e seus ossos estão em suas palavras.

Ela mesma afirmou: "Eu acho que quando eu não escrevo, eu estou morta" (clique).

Hoje é o aniversário de sua morte e esta é a humílima homenagem que lhe faço, a convite do Lino e da Cris Penaforte.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Felicidade

Hoje, a manhã se exibiu em audácias de luz
e as flores ainda agora se assanham
em balé delicado, redes de borboletas.
Mudaram os aromas do mundo
e todas as palavras fizeram sentido.
Hoje, os girassóis miraram meus olhos,
afogueando-me em amarelos inexoráveis.
Sorri, recatada em resposta
e abracei o dia como Danae
envolta em fagulhas douradas,
para sempre fértil de amor.
Hoje, sou abelha-rainha
de mel, ornada,
pela doce voz do meu amor.

Imagem: Rui Cardoso

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Nuvens


Gosto de ver as nuvens assim imóveis,
pacíficas, fechadas em novelos.
Escondo-me em nuvens e nunca saio,
suspensa em invisíveis cordões,
mãos de anjos escondidos, como a alma.
Prefiro viver em nuvens, em azuis,
que mimetizar-me em palcos,
em balcões, ou nas ruas solitárias
onde multidões se cruzam sonâmbulas,
anjos, anjos de Nelson,
anjos pastores da solidão.
Vivo sim, em nuvens suspensa,
enovelando-me branca, quase pura,
entre os camaleões.

Imagem: Loustal

segunda-feira, dezembro 04, 2006

De tanto ser tua


De tanto ser tua, invento contigo novos carinhos para levar-te da tristeza à festa rubra do nosso amor, na rua, nos abraços, em sobressaltos de beijos roubados. Mostro-te minhas belezas, desato alguns segredos quase infantis e outros que vergam teus ombros. Mostro-me em carícias e teus olhos, em ondas, tomam imagens, acolhem o toque, abismados da minha nudez. Somos apenas nós dois e o mundo se perde em ais, treme em confusão diante de tanta entrega. Dou-me às tuas mãos escultoras, dou-me e ressurjo delas em deslumbramentos. De tanto ser tua, esqueço o vestido e me cubro com teu corpo. De tanto ser tua, durmo o teu sono e acordo em ti como flor em jardim de Monet.

Imagem: Monet

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Quisera

Meu amor, para você quisera ser a moça da carne cor de rosa
e iluminar suas mãos quando me tocasse.
Quisera tanto ser abelha
e criar o mel para sua boca, doce, doce.
Quisera ser tudo, amor,
pássaro grande,
flor perfumada,
tempestade.
Quem sabe, a mais perfeita mulher
e transformá-lo em turbilhão.
Quisera andar os seus passos e tentá-lo com a ventura dos beijos reencontrados.
Quisera ocupar seus pensamentos em nostalgias de pôr-do-sol.
Porém, amor, sou apenas uma pequena borboleta de cores desmaiadas em busca do mais profundo e distante jardim, escondido dos meus olhos.
Sou apenas aquela que o ama, antes e sempre.

Imagem: Anita Munman