quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Ainda sou a mesma

Ainda sou a mesma, só me falta um pedaço.
Ainda sou a mesma e a esperança me move, como leva a semente ascendendo ao encontro da luz ou o ser informe em seu casulo trancado, sonhando perfumes.

Falta-me uma parte e andaria trôpega, não fosse a esperança, arrimo e leito de abrigar aqueles que, do amor, só carregam as correntes.

De que me farto?
Daquilo que me permite a melancolia dos dias transformados em gavetas entulhadas de sonhos, lembranças e palavras de amor devolvidas.
Farto-me de todos os carinhos presos em minhas mãos, sem dono, sem solução.

Falta-me uma parte,
mas me sobra a coragem das borboletas
e suas asas de papel em perene e colorida indecisão.

Sem asas, sou andarilha e atravesso a solidão.
Sem norte, vagueio em vigílias,
barco desancorado em águas de ilusão.

(você se foi e eu fiquei ainda)

Imagem: Anita Munman

17 comentários:

Anônimo disse...

Pelo amor de Deus...

Onde tamanha inspiração...???

Os anjos ditam tudo isso aos seus ouvidos???

Os deuses dialogam contigo na acústica de sua alma???

Por várias vezes li seus poemas e tenho chegado às lágrimas.

Acho que isso se chama identificação.

Obrigado querida!!!

Por essas palavras lindas... elas me ajudam mais do que possa imaginar.

Que Deus ajude você em suas dores e permita você continue sendo inspirada.

Parabéns!!!
Você é demais!!!

Anônimo disse...

Olá!
Lindo...porém triste!
muito triste!!!...
Adoro ler teus poemas...bjos!

Anônimo disse...

Sem querer ser cômico, e já o sendo, em mim não falta nada, mas sobra algumas coisas.
Saramar, brincadeira à parte, outro belo texto. Aliás, como todos os seus, sejam ou não poemas.

Anônimo disse...

...bom poder guardar os sonhos no canto de uma gaveta qualquer... No fundo, no ano que vem ou em outro que vier, o entulho já não será o mesmo... velhos sonhos sempre escapolem, sabe-se lá por onde... os de agora, nem melhores, nem piores serão... apenas diferentes...

Claudinha ੴ disse...

Liindo , palavra de borboleta metamorfoseada na dor. Eu sempre levo meu amor em minhas asas, por onde eu vou... Beijos menina!

Lulu on the sky disse...

Lindo Saramar.
Somos movidos por esperança, se não a temos então não vale a pena viver em meio tantas tribulações.
Big Beijos!!!

Santa disse...

Sara, estou com o Eduardo. Onde arranja tanta inspiração...E talento? Sei, a poesia está na veia e esse poema, visceral.

Bjs

Nilson Barcelli disse...

Falta-nos sempre pelo menos um pedaço...
O seu poema é de um talento literário inquestionável.

Sem asas, sou andarilha e atravesso a solidão.
Sem norte, vagueio em vigílias,
barco desancorado em águas de ilusão.

Belíssimo.
Beijos.

Anônimo disse...

"De que me farto?
Daquilo que me permite melancolia dos dias transformados em gavetas entulhadas de sonhos, lembranças e palavras de amor devolvidas.
Farto-me de todos os carinhos presos em minhas mãos, sem dono, sem solução."

A Saramar vai ficar para a história! Eu já não sei o que comentar!!!
É uma honra ler os seus escritos, obrigada por partilhar estas maravilhas connosco!
Beijinhos

PELADUZ disse...

Oi Sara!

Muito bonito. Em tudo.

Bjs.

Anônimo disse...

Carinhos presos nas mãos... em dono... sei o que é isso, amiga. Querida, senti sua falta no niver do Momentos são ... (snif) Mas vou congelar um bocado do camarão para lhe servir quando você aparecer, estava tão boooom.... rs. Beijos!

Anônimo disse...

Que texto lindo! Mas parece triste... Que venham outros tão lindos e, quem sabe, mais felizes!
Bjos

Anônimo disse...

Lindo poema.
Cada palavra transmite um sentir próprio.
Beijito.

Anônimo disse...

Não sou a mesma
sempre me perco de mim...
Doce Saramar, perfeito!
lindos dias carnavalescos,flor
beijosssssssssss

Anônimo disse...

Hum... quanto amor, quanta solidão, quanta ausência sentida...
Beijos, querida. Cuide do coraçãozinho nesse feriadão, ok?
http://napontadolapis.zip.net http://dulcineia.blogspot.com

Simone Iwasso disse...

lindo. não ouso dize mais nada, não precisa!

Anônimo disse...

intimista, quanto mais intimista mais universal, quanto mais se traduz mais traduz a todas nós, de alma feminina.