domingo, março 26, 2006

Autobiografia


Big-bang, fiat lux e eis-me, ente.
Anjo não houve, apenas ecos de gemidos. Não entendi porque, ainda não sabia do pecado original. Só iria conhecê-lo muito mais tarde e...que delícia de pecado.

Saí a enfrentar selvas e feras e, muitas vezes,
fiquei perdida em mim e de mim.
Ah! como me perdi em palavras belas e mentirosas, em carinhos frígidos, em ilusões, névoas.
Quantas vezes encontrei clareiras e água fresquinha.
Quase me deixei ficar parada nesses oásis, mas eles se desmanchavam. Eram miragens.
Outras águas lodosas e feias me ameaçaram, enganos.

Continuo na selva, talvez menos densa, certamente mais árida. As pernas e a alma trazem lanhos de espinhos e também perfumes de flores raras. Em minha bagagem, há lembranças de sol e permanências de escuridão. Há caixas fechadas de dores e pequeninas sacolas cheias de pedaços de felicidade que vivo guardando para me iluminar.

Vivo e isso é essencial. Ente, entre as gentes.

As flores? Ah! não são nada, aqueles presentes que gosto de me dar, às vezes

Imagem: Carol Robinson

11 comentários:

Cláudio B. Carlos disse...

Oi!

Beijos do *CC*

Jôka P. disse...

A minha bagagem é uma mala sem alça.

;)

SV disse...

Amigos leitores do Antes que Anoiteça!
Obrigado pelas visitas na primeira parte do conto.
A partir de amanhã, 28/03/06, o conto passa para uma nova fase, quando os olhos de Marília assumem a condução da narrativa, juntando os retalhos deixados por seu pai.
Novamente, agradeço as visitas constantes e deixo, por enquanto as portas abertas, porque antes que anoiteça, elas se fecharão.

Sílvio

Anônimo disse...

Belo texto, c sempre, vc foi maravilhosamente poética e sensivel.
Beijos Poéticos.
;***

Rose disse...

Sarita, lindo, presentear-se é bom, muito bom.
bjs

Anônimo disse...



Saramar,

vim retribuir sua gentil visita, agradecer suas delicadas palavras e acabei passeando um pouco por aquí.
Desculpe minha curiosidade, mas como minhas janelas estão abertas, quis ver o que se esconde por trás das que estão se abrindo. E... gostei muito!
Lí vários textos e me encantei com a maioria deles. O atual, chegou a provocar-me arrepios, tão forte e intenso me pareceu. Quase me deixei ficar parado neste oásis que não se desmanchou.
Mas outras águas me chamam e sigo a trilha pela selva, com suas sombras, luzes, espinhos, flores e perfumes.
Vou deixando marcas pela trilha, pois pretendo voltar, se você assim o permitir.
Por enquanto? Deixo flores pra você.

Anônimo disse...

Deu vontade de me embrenhar na tua selva...

Ah! Já pode voltar, tem novidade!


Abrs.

Jonas Prochownik disse...

Saramar, belos e sensiveis os teus poemas. Bjs. do Jonas.

Bell... disse...

Sara,
que saudads de suas palavras..
A minha musa esta bem?

bjs*

Anônimo disse...

Olá, tudo bem? Nossa, muito lindo e profundo tudo o que vc escreve! Tb tenho alma de poeta, de sofredora, de "indigente" neste mundo que não se parece nada comigo, no entanto, tenho medo de postar minhas loucuras, acredita? Não sei, cismei que se eu publicar, alguém poderá "roubar" de mim sem eu mesma saber...
Oq vc acha isso? Eu adoraria postar, nossa, tenho muita coisa meeeesmo, mas... aguardo a sua opinião.
Um bjo, e continue sonhando sonhos possíveis!

Lia Noronha disse...

Saramar: bagagens por vezes pesam tanto...que abandoná-las se torna inevitável e até necessário.
Beijos bem carinhosos pra ti .