Por que me ensinou os sonhos?
Agora acordo em deliqüescências e minhas mãos se querem pássaros
em sobrevôo de matas.
Agora, ando em segredos, em fábulas e aceito logros dos meus ouvidos,
tontos de sussurros.
Pérfido! Enredou-me em suas margens,
tomou-me em enchentes e desvendou suas raízes inesperadas onde me prendo em langor de flores a se deixar levar,
indo, indo, para sempre presa.
Pólipo! Não me solte, antes, espalhe em meu corpo seu líquido amor.
Maná, meu mar e seus abismos onde tudo se resume e explode em outros mundos.
Por que retirou minhas vendas?
Agora, pés nus, acorrentada para sempre em seus rochedos,
sereia às avessas, encanto-me com o líquido sal de um cavalo-marinho,
delicadamente a me contar dos pélagos e tramas que em mim desvenda.
No seu querer mais obscuro, criou em meu ventre um quebra-nozes, um quebra-mar e me ensinou a esperar a noite com a sede dos perdidos.
Por que me ensinou a noite?
Esqueço o sol e conto as horas. Dias mais longos que a vida.
Conto seus dedos e as canções que inventa em meu umbigo.
Ai, Deus, esses estribilhos!
Noite, noite e seus carinhos a obscurecer meus sentidos.
Curvo-me e os espelhos nos refletem e a noite
e dentro dela uns ais.
Agora acordo em deliqüescências e minhas mãos se querem pássaros
em sobrevôo de matas.
Agora, ando em segredos, em fábulas e aceito logros dos meus ouvidos,
tontos de sussurros.
Pérfido! Enredou-me em suas margens,
tomou-me em enchentes e desvendou suas raízes inesperadas onde me prendo em langor de flores a se deixar levar,
indo, indo, para sempre presa.
Pólipo! Não me solte, antes, espalhe em meu corpo seu líquido amor.
Maná, meu mar e seus abismos onde tudo se resume e explode em outros mundos.
Por que retirou minhas vendas?
Agora, pés nus, acorrentada para sempre em seus rochedos,
sereia às avessas, encanto-me com o líquido sal de um cavalo-marinho,
delicadamente a me contar dos pélagos e tramas que em mim desvenda.
No seu querer mais obscuro, criou em meu ventre um quebra-nozes, um quebra-mar e me ensinou a esperar a noite com a sede dos perdidos.
Por que me ensinou a noite?
Esqueço o sol e conto as horas. Dias mais longos que a vida.
Conto seus dedos e as canções que inventa em meu umbigo.
Ai, Deus, esses estribilhos!
Noite, noite e seus carinhos a obscurecer meus sentidos.
Curvo-me e os espelhos nos refletem e a noite
e dentro dela uns ais.
Imagem: Cherikov
24 comentários:
POr vezes volúpia, por vezes poema... :) assim somos
Um beijo
Não tive tempo de visitar todos os blogs de que você participa (você trabalha, não? :) Mas acabo sempre voltando aqui aos poemas - "Ai, Deus, esses estribilhos!" Um beijo grande.
«(...) Por que retirou minhas vendas?
Agora, pés nus, acorrentada para sempre em seus rochedos,
sereia às avessas, encanto-me com o líquido sal de um cavalo-marinho,
delicadamente a me contar dos pélagos e tramas que em mim desvenda (...).»
Adorei esta passagem!
Beijinhos, daqui de Portugal,
FM
Ai! Esses ensinamentos e essas aprendizagens...Ficou um encanto esse texto! Um canto de amor que se pergunta, porque se deleita no "perguntar"...Quer saber, moça?
Um texto que se, vc permitir, vou guardar de lembrança...
Beijos, Saramar!
Dora
Como sempre: um brinde aos meus olhos. Parabéns Saramar alma e coração de poeta.
passando para deixar um abraco e saber se esta bem?
"Dias mais longos que a vida"... Ei, linda, um amor em que os dias são mais longos que a vida não é um amor, é o Amor! Adorei!
Um beijo.
fazia tempo que não passava por aqui...sempre muito lindo!
beijinho Saramar
Ju
Encantador..
Poucas palavras para transcrever a pérola gostosa que acabei de ler.
Bjus
Os estribilhos estremecem e entrelaçam as entrâncias.
1280 cheiros
Ai meu Deus! A Saramar tá muito retada, o texto que o diga...
Tá muito legal viu Saramar? Parabéns!
bjs
O Sibarita
Muito expressiva!
Eternos aprendizes em ensinamentos recíprocos?
o jeito é encantador... aperta o coração.
ele brilha.
:)
Lindo.
bjos
Simplesmente maravilhoso de se ler minha querida amiga e gurua. Um dia chego lá.
Saramar,
desejar é provar que ainda é humano e tem paixão nas veias.
Belo post!
Bjs (Des)conexos!;)
Admiro-te muito!:)
elisabete cunha
"Conto seus dedos e as canções que inventa em meu umbigo". Conte até mil em "dias mais longos que a vida" "com a sede dos perdidos". Isso é muito bom. Meu beijão.
Oi linda!!
Que lindo!!!..sabe q sou sua fã, né?!
Bjão!! até mais
Amiga essa imaginação é de uma fertilidade aterradora...Lugar obrigatório de passagem, de paragem para te ver, te ler e reflectir sobre o que escreve com tanata sensibilidade. Um abraço e a promessa de voltar a este lugar.. Ell
«Noite, noite e seus carinhos a amanhecer os meus sentidos» (apenas uma variante ... que não resisti a escrever) :). Alma de poeta tem mesmo de escrever sobre sentimentos, emoções e algumas dores. Foi um prazer passar por aqui e por isso deixo «flores, sorrisos e ... poesia», desde Portugal
minha querida , como sempre fortes os seus versos, porquanto refletem o que vivencia, não é só imaginação...amei. Entende-se por que a noite é o delirio da alma do poeta.Bjs.
Saramar... Pélamordedeus! Assim você entra para a Academia Brasileira de Letras! Eu queria que o Drummond fosse vivo, o Vinícius... Para eu mandar este poema para eles e dizer: "De Goiás, terra de cora, vem letras fortes e lindas, que fazem versos como: sereia às avessas, encanto-me com o líquido do sal de um cavalo-marinho..."
Aplaudindo de pé!
Carpe Diem.
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