terça-feira, janeiro 23, 2007
Permanência
Eu o deixo ali,
jardim antigo que insisto em cultivar.
À distância, mergulho em suas teias verdes,
sementes e folhas mortas.
Deixo-o no canto das minhas lembranças
em meio aos verbos que arrancou de minha boca, ecos de feroz ternura.
Deixo-o em meu peito,
espinho e bálsamo dessas feridas vermelhas
abrindo-se em velas de mal navegar.
Eu o deixo, vela de promessa em altar
do deus perverso dos solitários
e suas mil mãos de lembrar.
Deus de nunca se contentar.
Deixo-o trancado no escuro,
nos armários onde escondo
meus vestidos de amar.
Mas você volta sempre, assombrando meus olhos,
perfume derramado em meus vasos nus.
Volta sempre, o barco de me levar.
Imagem: John W. Watherhouse
8 comentários:
Bom dia Sara,
Que palavras bonitas, quantos pensamentos lindos, tesouros tantos quardados, quanto amar.
Bjs
ninguem volta pra mim..rsrs
Querida, que coisa mais linda!!! Não... não pense que é porque li algo sobre amor mal resolvido, nestas tuas entrelinhas... e nem tampouco, porque ando num momento meio retrô...rs. O poema é lindo, porque é lindo mesmo! É bonito demais ver a maneira como brincas com as palavras. Me deliciei. Beijo grande.
Lembranças saudosas que não nos abandonam...
lindo dia doce Saramar
beijosssssssss
Saramar,
querida não o deixe, ele irá voltar sempre e não assombrará os seus olhos.
Continua fabulosa nas suas palavras e assusto-me por mim e por si.
Sabe meu bem, eu "sangro"...
Um beijo
miguel
Que lindo amiga. Um poema completamente doce.
A macieza ds palavras, dessa poética tão sensível.
Lindo.
:)
ah, doce Saramar... vou me extasiar num jardim de girassóis agora, deitar e apagar... embora eu permita que meu "fantasma" vá, ele sempre volta, me assombrando e me roubando cada vez mais. lindas e sábias palavras, anjo... lindas e sábias!
"O barco de me levar" é um luxo, heim? Você sempre me surpreendendo com suas imagens tão bonitas...
Beijos procê.
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