sexta-feira, outubro 07, 2005

LUMIAR

Não adianta, quando um não quer, dois não existem, só existe um e sozinho.
Mas, como já me prometi não ficar triste com isso, como já não me importo mais com a solidão e sempre a deixo ali naquele canto mais frio da casa (o meu quarto), canto, "eu canto, porque o instante existe e a minha vida...." (Florbela, a mais triste das mulheres tristes, como eu).

Quem me conhece muito sabe que só canto quando estou triste ou muito irritada. É claro que nesses momentos tristes não se incluem aquelas cantorias do videoquê, da batucada, do violão. Esses, são pura alegria, mesmo com todas os vexames. Ai, como é bom ser sem vergonha, sem controle e sem siso!

Falando em cantar, lembrei-me de uma linda música do Beto Guedes: LUMIAR. Esse nome já é uma música. Está incluído na minha lista de palavras lindas, que eu adoro.

Vou sentir essa letra da música, ouvindo sem som a beleza da melodia.

Anda, vem jantar, vem comer,
vem beber, farrear
até chegar Lumiar
e depois deitar no sereno
só pra poder dormir e sonhar
pra passar a noite
caçando sapo, contando caso
de como deve ser Lumiar
Acordar, Lumiar, sem chorar,
sem falar, sem querer
acordar em lumiar
levantar e fazer café
só pra sair caçar e pescar
e passar o dia
moendo cana, caçando lua
clarear de vez Lumiar
Amor, Lumiar, pra viver,
pra gostar, pra chover
pra tratar de vadiar
descançar os olhas, o
olhar e ver e respirar
só pra não ver o tempo passar
pra passar o tempo
Até chover, até lembrar
de como deve ser Lumiar
Anda, vem cantar, vem dormir,
vem sonhar, pra viver
até chegar em Lumiar
Estender o sol na varanda...
até queimar
só pra não ter mais
nada a perder
pra perder o medo, mudar de céu,
mudar de ar
clarear de vez Lumiar

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